Panelaço anti-Bolsonaro ganha ar de Carnaval em CEP da esquerda em SP

Panelaço anti-Bolsonaro ganha ar de Carnaval em CEP da esquerda em SP

Protesto no edifício Copan durou uma hora, teve música de Chico Buarque e silêncio na hora de ato pró-governo.

Na FSP

Guilherme MagalhãesSÃO PAULO

O batuque ritmado, as buzinas, Chico Buarque. O panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (18), o segundo em dois dias, ganhou ares de Carnaval no edifício Copan, um tradicional CEP da esquerda no centro de São Paulo.

Das janelas do icônico prédio residencial desenhado por Oscar Niemeyer foi possível ouvir panelas batendo e gritos de “Fora, Bolsonaro” já por volta das 19h40, quase uma hora antes do horário convocado.

Alguns apartamentos exibiam luzes vermelhas, azuis e amarelas, que tão logo começaram a piscar.

Naquele momento, Bolsonaro participava de entrevista coletiva em Brasília ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, entre outras autoridades, para anunciar medidas contra a pandemia do novo coronavírus.

Durante quase uma hora, de forma ininterrupta, o barulho das panelas se revezou com os gritos de ordem, ora temperados de xingamentos, ora mais simples e diretos: “Acabou, Bolsonaro”, como disse um haitiano para o presidente nesta semana.

As panelas ressoaram ainda mais intensas entre 20h25 e 20h40, quando até mesmo prédios de Higienópolis, bairro nobre famoso não exatamente por ser um reduto da esquerda, piscaram luzes em alguns apartamentos.

“Apesar de você / Amanhã há de ser outro dia”, os clássicos versos de Chico Buarque contra a ditadura militar, foram ouvidos por duas vezes, quando um morador reproduziu a música em alto volume.

Enquanto isso, praticamente nenhuma resposta de apoiadores do presidente era ouvida.

O vizinho edifício Louvre, outro tradicional ponto arquitetônico da cidade, chegou a registrar uma disputa de gritos, com tentativas de “Bolsonaro, 2022” e “Fora, comunas de m…..”, logo abafadas pela sinfonia de panelas e moradores contrários. Um deles ousou gritar “Vai pegar corona” para o defensor do presidente, em referência ao coronavírus.

O panelaço seguiu até por volta das 20h45, quando foi escasseando lentamente, da mesma forma como havia começado.

Quinze minutos depois, era hora da esperada resposta bolsonarista, segundo a convocação feita pelo presidente nesta quarta-feira em redes sociais e durante entrevista coletiva na qual criticou a imprensa por não divulgar o ato favorável ao governo.

Na região do Copan, porém, as panelas não saíram dos armários. Reinou o ruído branco do centro da metrópole.

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