Nas últimas semanas, número de mortos pela Covid-19 dobrou, segundo a OMS
Na FSP
número de pessoas infectadas em todo o mundo pelo Sars-CoV-2 ultrapassou a marca de 1 milhão nesta quinta-feira (2), segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins. A Europa já tem mais da metade das pessoas infectadas em todo o mundo, e os EUA são o país que tem mais casos sozinho: mais de 220 mil.
Os cinco países com mais casos são, nesta ordem, EUA, Itália, Espanha, Alemanha e China.
O número de casos diagnosticados, no entanto, reflete apenas uma parte do número total de infecções devido às diferentes políticas dos países para registrar os casos —alguns o fazem apenas com as pessoas em estado grave, como é o caso do Brasil.
A descoberta de um novo vírus na China foi comunicada à OMS (Organização Mundial da Saúde) no fim de dezembro de 2019. Desde então, 50 mil morreram em decorrência da Covid-19 —outra triste marca que foi batida nesta terça. Itália, Espanha e França são os países com mais mortes, e a China vem em seguida.
Só na última semana, o número de mortos pela Covid-19 dobrou. A OMS disse temer uma escalada ainda maior da pandemia.
Para comparação, a última pandemia, de gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, ocorreu de março de 2009 a agosto de 2010 e matou 18.449 pessoas em 214 países, segundo balanço da OMS.
Só EUA, Itália e Espanha passaram dos 100 mil casos confirmados de Covid-19. Os EUA, porém, já somam mais de 200 mil infectados e mais de 5.000 mortes. Mesmo com as medidas de distanciamento, a Casa Branca já fala de 100 mil a 240 mil mortes em solo americano nos próximos meses.
Nos dois países europeus, ocorreram, respectivamente, mais de 13 mil e mais de 9.000 mortes. Os outros focos da doença na Europa são a Alemanha (mais de 84 mil casos e pouco mais de 1.000 mortes) e a França (mais de 59 mil infectados e mais de 4.000 mortes).
EUA, Itália e Espanha registraram mais de 800 pesso
as mortas diariamente pela doença nos últimos dias. Preocupam também as curvam de contaminação e mortes na França e no Reino Unido.
Na China, onde o vírus se originou, pouco mais de 82 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus e cerca de 3.000 morreram. Com medidas dramáticas e sem precedentes de isolamento, os chineses parecem ter conseguido conter a transmissão comunitária da epidemia, mas agora lutam contra casos importados de infecção. Por isso, as autoridades chinesas continuam investindo em detecção e medidas restritivas.
Medidas de confinamento já afetam quase metade do planeta. Agências internacionais alertam que algumas partes do mundo podem enfrentar escassez de alimentos se as autoridades não enfrentarem a crise corretamente. As diferentes agências da ONU pediram na quarta-feira, em comunicado comum, mais solidariedade aos vizinhos mais vulneráveis, para evitar uma tragédia alimentar.
A escassez derivada da pandemia provocou protestos em alguns países mais pobres. “Na Nigéria, quando você trabalha, já passa fome. Imagine quando não pode trabalhar”, resumiu Samuel Agber, que trabalha com reparos de aparelhos de ar-condicionado.
Na Índia, a polícia mostrava nas redes sociais faces bem diferentes. De um lado, aparecia dançando nas ruas com capacetes representando o vírus. De outro, agentes eram vistos agredindo quem violasse o confinamento.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, pediu hoje desculpas pelos “excessos” policiais durante a aplicação do toque de recolher noturno. Já Serra Leoa, um dos países mais pobres do planeta, decretou três dias de confinamento, com a frágil esperança de conter o primeiro surto da epidemia.
Na América Latina, que já registrou mais de 500 mortes, vários países anunciaram a prorrogação das medidas, em uma tentativa de evitar o colapso de seus sistemas de saúde.
Ao mesmo tempo, os países ricos estão pressionados não apenas pelo vendaval sanitário mas também pela paralisação de suas economias. “Nosso país enfrenta um desafio sem precedentes em sua história”, declarou o presidente Donald Trump.
HISTÓRICO
No dia 31 de dezembro de 2019, as autoridades chinesas emitiram o primeiro alerta à OMS sobre uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan.
Em 9 de janeiro, análises do vírus apontaram que a pneumonia era causada por um novo coronavírus (posteriormente batizado de Sars-CoV-2).
A primeira morte pelo novo vírus foi registrada 2 dias depois, 11 de janeiro. Passados mais dois dias, foi notificado o primeiro caso da doença fora do território chinês, na Tailândia. Uma mulher que voltava de Wuhan tinha um quadro de pneumonia leve.
O primeiro caso da doença nos EUA foi confirmado no dia 21 de janeiro, em Washington. No dia 20 do mesmo mês, cientistas confirmaram a transmissão de humano para humano.
Em entre os dia 23 e 24 de janeiro, Wuhan e outros locais da província de Hubei confinam 40 milhões de pessoas para tentar conter a epidemia e outros pontos da China tomavam medidas restritivas. Ao mesmo tempo, a OMS reconhecia a seriedade da crise no país asiático, mas considerava não se tratar ainda de uma emergência de saúde pública global, que só acabou sendo declarada em 30 de janeiro.
Durante o mês de fevereiro o vírus continua a se espalhar pelo mundo e acaba por atingir gravemente a Itália. No dia 22 daquele mês, a escalada de casos no norte do país levou ao isolamento de 50 mil pessoas.
As medidas restritivas italianas cresceram até a proibição de deslocamento pelo país, em 8 de março.
No dia 11, a OMS declarava pandemia da Covid-19. Dois dias depois, afirmava que a Europa era o novo centro da doença. O número de mortos na Itália já passava de mil.
Conforme a situação se agravada no país mediterrâneo, as quarentenas e medidas restritivas se ampliavam, com milhões de pessoas em confinamento.
Em 25 de fevereiro, o Brasil confirmou o primeiro caso da doença. Nesta quinta, o país já soma 6.836 casos confirmados e 241 mortos.
Com AFP