O primeiro boletim sobre coronavírus foi divulgado há um mês pela Secretaria de Saúde do Estado de Rondônia, quando havia apenas 25 notificações de casos, sendo 10 excluídos, 13 em acompanhamento e dois suspeitos.
De lá pra cá, são 29 boletins que lentamente se alteram e não porque a doença está sob controle, mas pela baixa testagem.
Os registros oficiais mostram o salto do primeiro caso positivo no dia 20 de março para 42 confirmados e duas mortes.
Dona Geralda estava internada e o resultado do exame saiu após a morte.
Seu Aparecido morreu em casa depois de buscar e não conseguir ser encaminhado à internação.
O governo usa as redes sociais para anunciar compra de milhares de testes rápidos, equipamentos de proteção e montagem de leitos de UTI.
A questão é que a divulgação de poucos resultados tem gerado cobrança. Não tranquiliza, mas assusta a população.
Os países mais afetados na pandemia reduziram mortes com distanciamento social e ampla testagem, duas medidas que estão longe de serem efetivamente adotadas no Brasil e muito menos neste pedaço da Amazônia.
A preocupação do rondoniense aumenta, porque o governo se nega a informar quantos kits de testes recebeu e utilizou até o momento.
O professor Vinícius Miguel pediu através do Sistema Eletrônico de Informações ao Cidadão, o e-SIC, várias explicações sobre o enfrentamento da pandemia no estado, inclusive sobre a quantidade de testes realizados no período de 01 a 15 de fevereiro.
A resposta: “Informação confidencial”. Veja item 9:
O professor protestou nas redes sociais.
O blog procurou o Ministério da Saúde, por meio da sua assessoria de comunicação.
Em matéria divulgada no portal saúde.gov.br, consta que 1992 testes RT/PCR foram enviados para Rondônia através do Laboratório Central de Saúde Pública, o Lacen.
Esse tipo de teste considerado ‘padrão ouro’, segundo o MS, “identifica o vírus que provoca a COVID-19 logo no início, ou seja, no período em que ainda está agindo no organismo”.
Os boletins da Sesau se baseiam no uso de kits que podem gerar 24 ou menos testes desse tipo.
O último soma menos de mil.
Sobre o envio de testes rápidos, o estado teria recebido 3.921. Tanto o MS quanto a Sesau-RO informam que serão destinados prioritariamente “aos trabalhadores que atuam nos postos de saúde, nos serviços de urgência, emergência e internação, trabalhadores da área de segurança pública e os contatos domiciliares desse público, ou seja, as pessoas que moram na mesma residência.”
Leia aqui:
O blog perguntou à assessoria do MS se todos os testes RT/PCR e rápidos já foram entregues ao estado, mas obteve resposta evasiva.
Fernando Máximo, secretário de saúde, disse que recebeu mais testes rápidos. Na conta dele, foram 4800. Quase 900 a mais que o informado pelo MS.
Quantos kits de RT/PCR foram realmente enviados, recebidos e utilizados e quando e quantos virão em nova remessa, o secretário não diz.
A insegurança nas informações aumenta a cada boletim do coronavírus divulgado.
O último mostra que apenas sete casos aguardam resultados.
Uma fonte do blog disse que o ministério público pediu pra saber e já foi informada a quantidade exata de kits de testes enviados e utilizados.
Teriam sido 41 kits. Cada um gera 24 resultados ou menos, o que daria quase mil.
É pouco, muito pouco para mapear o avanço da Covid-19 em 52 municípios.
O blog tem tentado e não consegue contato por ligação ou mensagem de aplicativo com o secretário para esclarecer os fatos.
Se o avanço de casos com baixa testagem é alto, o temor é de que o pior ninguém saiba como e quando virá.