A defesa alega que Bolsonaro admite claramente que ofereceu vaga no STF ao ex-juiz para que ele entrasse no governo.
Na Carta Capital
A defesa do ex-presidente Lula apresentou um requerimento para que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região suspenda o julgamento de embargos pendentes sobre o sítio de Atibaia, marcado para esta quarta (6).
Em suas alegações, os advogados do petista citam como argumento a briga entre o ex-ministro da Justiça, Sergio moro, e o presidente Jair Bolsonaro. Eles alegam que as declarações do capitão sobre Moro reforçam a suspeita de que o ex-juiz não tinha isenção para julgar Lula neste e em outros processos.
Segundo divulgou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, os defensores de Lula dizem que a tratativa política entre os dois, “outrora qualificada nestes autos como ‘especulações’ e que ‘nada há de concreto’”, foram agora claramente admitidas por Bolsonaro”.
Eles citam a confirmação feita pelo presidente de que havia uma promessa para que Moro, ainda juiz, fosse indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal) depois de passar um período no Ministério da Justiça.
“Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal’. Me desculpe, mas não é por aí. Reconheço as suas qualidades. Em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco”, disse Bolsonaro na coletiva.
E, segundo os advogados, o próprio Moro confirmou essa suspeita.
“O ex-juiz Sergio Moro expôs ao Jornal Nacional um diálogo travado com a deputada Carla Zambelli, um dia antes da demissão, em que, ao ser lembrado do compromisso de ir em setembro ao STF, desconversa se limitando a dizer que não estaria a venda. Tal diálogo, porém, evidencia a forma natural em que tal questão era constantemente memorada ao ex-juiz no conduzir de suas atividades. Um prêmio por ter retirado o então candidato [Lula] que estava em primeiro lugar nas pesquisas presidenciais de 2018?”, questionam.
A defesa do ex-presidente argumenta que é preciso esperar o andamento do inquérito aberto pelo ministro Celso de Mello, do STF, para investigar as acusações feitas por Moro, para aclarar a relação entre ele e Bolsonaro e permitr que o julgamento de Lula prossiga.