O município que faz fronteira com a Bolívia e fica distante 330 quilômetros da Capital é o segundo com mais óbitos pela Covid-19 em Rondônia.
São 20 casos confirmados e sete mortes em apenas duas semanas, conforme último boletim da Secretaria de Saúde do Estado.
O boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura de Guajará-Mirim aponta 24 casos confirmados e oito mortes.
O cenário preocupante chamou a atenção da imprensa que cumpre o papel de cobrar providências às autoridades e informar a população.
O secretário de saúde do município, Douglas Dagoberto Paula, decidiu não atender jornalistas pessoalmente ou por telefone.
Ele reclama que suas declarações são distorcidas.
“Não vou dar mais nenhuma declaração, porque modificam minhas palavras. O jornalista tem que enviar um ofício para fazer perguntas e eu responderei conforme o tempo que disponho. Pode encaminhar pelo e-mail: douglasdagoberto@hotmail.com”, disse o secretário.
O que ele não está gostando é da repercussão das barbaridade que diz e das cobranças não da imprensa, mas da população e do pessoal da linha de frente na pandemia.
Em entrevista a uma rádio, Douglas demonstrou sua irritação com a imprensa ao ser questionado por não providenciar o que profissionais da saúde sugeriram para o combate à Covid-19.
Na reunião que ocorreu em 19 de março o secretário foi alertado por servidores da saúde sobre a necessidade de protocolos, equipamentos de proteção e treinamento de pessoal.
Ouça:
Os servidores pediram o essencial para se protegerem na luta contra o novo coronavírus.
Segundo fonte da rede pública de saúde, Douglas nunca respondeu às recomendações para evitar as diversas e graves falhas que ocorrem na prevenção, tratamento e contenção da doença.
Nesta quinta-feira, 14, Silvia Maria Neri Piedade, presidente do Conselho Regional de Enfermagem no estado, gravou um vídeo para responder às acusações do secretário contra técnicos de enfermagem que estariam se recusando ao resgate de pacientes.
Ela considerou absurda a acusação, diz que o secretário confessa na entrevista que faltam EPIs e que não existe ‘guerra’ com soldados sem armas.
O secretário precisa dar muitas explicações, mas diante da recusa em atender este blog, foram ouvidos os profissionais da linha de frente da saúde com a garantia de sigilo da fonte.
As queixas com a secretaria municipal de saúde são muitas e Douglas não conseguirá arrogantemente desviar.
Uma delas é quanto ao recebimento e distribuição de kits rápidos enviados pelos governo federal. “Eles estão enviando direto para a farmácia do Hospital Regional, dificultando o controle e publicidade da entrada e saída dos testes e equipamentos de proteção”, disse a fonte.
A falta de treinamento acabou por prejudicar a utilização adequada de respiradores que também demonstraram incompatibilidade de conexões por marcas.
Não há equipamento de proteção para todos os profissionais.
O único hospital para internação de pacientes graves tem uma sala pequena exclusiva para a Covid-19 e funciona precariamente.
O atendimento remoto por Call Center, tal como o do governo do estado, é criticado pela população.
Todas essas dificuldades são ignoradas pelo secretário que em entrevista ridicularizou a qualificação de profissionais da saúde como ‘heróis’.
As chances de Douglas merecer reconhecimento por bravura e competência são cada vez menores.
São do tamanho da consideração dele com profissionais essenciais na pandemia, como os da saúde e da imprensa.