GQ Brasil – São 93 povos espalhados pela Bolívia, Colômbia, Venezuela, Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Perú, Equador e Surinami já sendo afetados pela pandemia do coronavírus
“Mais de 5 mil indígenas estão contaminados por covid-19 na região Pan Amazônica”, afirma a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica. “É alarmante. Já são 548 parentes mortos. São 93 povos indígenas que estão sendo diretamente afetados”, comenta a organização. A pandemia atingiu estas as populações espalhadas pela Bolívia, Colômbia, Venezuela, Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Perú, Equador e Surinami.
Em entrevista para a GQ Brasil, o neurologista Erik Jennings Simões – um dos 5 médicos na linha de frente do tratamento do coronavírus na Amazônia – alerta sobre o genocídio indígena que ocorre no Brasil: “Aqui, a covid-19 está tendo uma dimensão de genocídio. Houve um aumento de 550% no número de mortes em 1 mês. A taxa de letalidade na população em geral é de 5,7%, enquanto na população indígena é de 9,7% [dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB]. Ou seja, está morrendo muito mais indígena pelo simples fato de ser indígena. Se essa tendência permanecer, estaremos diante de um genocídio. Mais grave ainda é o fato de a Amazônia Brasileira abrigar mais de 114 referências de povos isolados. Muitos destes grupos são em número pequeno de indivíduos e apresentam altíssima vulnerabilidade a doenças respiratórias. Neste caso, não só corremos o risco de termos genocídio bem como etnocídio. É urgente que não só o Estado Brasileiro (como também toda a sociedade) se mobilize para evitar a tendência que vivemos. A perda de povos indígenas é principalmente uma perda para a sociedade nacional, pois eles são os maiores responsáveis pelo equilíbrio climático e pelas poucas florestas que ainda nos restam”.
A Eclesial Pan Amazônica – uma rede à serviço da vida na região – mantêm um mapa diário (online) de confirmados com a doença.