Em 81 dias foram infectadas 8.626 pessoas e 245 morreram.
Só nos últimos 30 dias houve um aumento de 605,89% no número de infectados e de 783,3% nos óbitos.
A maioria dos casos corresponde a pessoas de 20 e 49 anos, sendo 46,4% do sexo feminino e 53,6% do masculino.
Os óbitos atingiram mais pessoas de 50 a 79 anos.
Cerca de 7500 infectados não tinham nenhuma comorbidade, ou seja, alguma doença que sozinha ou associada agrava o quadro do paciente.
Para entender como o vírus se espalhou tanto e tão rápido no estado, a ponto de esgotar a capacidade de leitos de UTI na capital em menos de três meses, é importante analisar data e ordem dos acontecimentos do início ao ponto atual da pandemia.
A conclusão a que se chega é que o governador, o prefeito e uma parcela grande da população desprezaram os paradigmas de comportamento e medidas de contenção que resultam em desespero.
É evidente que colaboraram com a evolução da curva de contágio o desdém com os alertas, as tentativas de flexibilização do distanciamento, a falta de transparência e o boicote a órgãos ministeriais que tentaram minimizar o impacto da Covid-19 com responsabilidade.
14 de março – Governo divulga primeiro Boletim sobre coronavírus com 25 casos notificados, sendo 10 excluídos, 13 em acompanhamento e dois suspeitos.
20 de março – Primeiro caso é confirmado em Jí-Paraná.
Calamidade – Com DECRETO N° 24.887, governo declara Estado de Calamidade Pública para fins de prevenção e enfrentamento à pandemia.
25 de março – Com DECRETO N° 24.891, governo flexibiliza isolamento permitindo retorno de várias atividades.
27 de março – Estimuladas por discursos do presidente Jair Bolsonaro contra o isolamento social, no interior do estado e na capital, ocorrem várias carreatas pela volta à normalidade nas atividades do comércio.
30 de março – Decisão judicial proíbe governador de Rondônia de flexibilizar decreto de calamidade pública.
Alerta – Pesquisador da UNIR, Artur Moret, alerta para que as autoridades não revoguem as medidas de mitigação da pandemia, entre elas, a do distanciamento social.
1 de abril – Primeiro óbito por Covid-19 em Rondônia
Recomendação do MP/RO – O Ministério Público do Estado (MP/RO) expede recomendação endereçada ao governador Marcos Rocha, do PSL, encaminhada também para o titular da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec/RO) José Hélio Cysneiros Pachá, para que o Estado utilize as forças da Polícia Militar (PM/RO), Civil (PC/RO) e Bombeiros para evitar e dispersar carreatas e/ou eventuais aglomerações.
5 de abril – Com DECRETO N° 24.919, governo dá poderes a prefeitos para decidirem sobre flexibilização do isolamento.
10 de abril – Segundo óbito é registrado.
14 de abril – Em coletiva, secretário de saúde informa que quatro testaram positivo e 33 podem ter sido infectados após festas durante a quarentena.
15 de abril – Prefeito da Capital flexibiliza restrições com DECRETO N° 16.629, quando são confirmados 73 casos e 2 óbitos.
16 de abril – Defensoria Pública pede suspensão de decreto que flexibiliza abertura de comércio em Porto Velho.
Recomendação conjunta – MPF e MPT recomendam “que o governo de Rondônia apresente os estudos que embasaram a liberação de atividades, contendo evidências científicas e análises sobre as informações estratégicas em saúde, bem como que qualquer liberação de atividade seja precedida da análise da autoridade sanitária e esteja acompanhada dessas mesmas evidências”. Ainda, recomendaram que a liberação gradual de atividades viesse acompanhada de protocolos de medidas sanitárias a serem seguidas por cada categoria.
18 de abril – BLO publica denúncia sobre o caso de contaminação de servidores no Hospital e Pronto Socorro João Paulo II, em Porto Velho. O dossiê traz áudio enviado em grupo de aplicativo denominado Comitê de Crise COVID-19 que revela que o diretor do hospital, Diego Almeida, foi indiferente ao apelo para evitar o espalhamento da doença entre os servidores.
22 de abril – Justiça derruba decisão que suspendia decreto do prefeito para abertura parcial do comércio de Porto Velho.
Procuradores respondem recomendação conjunta do MPF e MPT – Os procuradores do Estado Horcades Hugues Uchôa Sena Júnior e Maxwel Mota de Andrade que integram o Grupo Especial de Atendimento da Procuradoria-Geral do Estado sugeriram aos órgãos ministeriais que não encaminhassem ofício ao governador e os acusou de “atrapalhar” os esforços no combate ao novo coronavírus e de falta de “patriotismo”.
28 de abril – Prefeitura suspende decreto que flexibilizava abertura do comércio de Porto Velho e passa a se orientar por decreto do governo.
29 de abril – Pesquisador da UNIR, Artur Moret, prevê colapso na saúde em 15 dias e defende ‘Lockdown, a paralisação total dos fluxos e deslocamentos e confinamento rigoroso.
30 de abril – Pesquisadores da UNIR, Tomás Daniel e Ana Lúcia Escobar, alertam para pico da doença em junho com 20% da população infectada.
1 de maio – Rondônia registra 585 casos e 18 óbitos.
3 de maio – Decisão liminar da Justiça Federal atende a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) determinando que apenas atividades essenciais sejam permitidas.
7 de maio – Com 1098 casos e 37 óbitos, governo anuncia a compra de uma maternidade para transformar em hospital e ampliar número de leitos no atendimento à Covid-19.
12 de maio – Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP, arquiva requerimento de procuradores do Estado para que Procuradores da República e do Trabalho em Rondônia e Acre se abstenham “de realizar quaisquer novos atos judiciais ou extrajudiciais” em relação ao enfrentamento do COVID”.
13 de maio – BLO publica a história da família com Covid-19 sem acompanhamento há 10 dias para demonstrar atendimento inadequado na rede pública de saúde.
1 de junho – Rondônia soma 5.172 casos e 159 óbitos.
2 de junho – O Secretário de Estado da Saúde, Fernando Máximo, comunica à população que 100% dos leitos públicos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupados em Porto Velho.
5 de junho – Governo publica DECRETO Nº 25.113 com medidas temporárias de isolamento social restritivo, visando a contenção do avanço da pandemia do novo Coronavírus nos municípios de Porto Velho e Candeias do Jamari.
6 de junho – Governo realiza mais de mil testes rápidos com sistema drive-thru e distribui sem consulta médica kits com cloroquina, ivermectina, azitromicina e dipirona para casos positivos.
7 de junho – Governo altera e acrescenta dispositivos ao DECRETO Nº 25.113.
8 de junho – Rondônia soma 8.110 casos e 235 óbitos.
Os números que embasam este levantamento são do Guia de Prevenção e Enfrentamento à Pandemia disponível no portal do governo do estado.
Não há projeções de subnotificação o que eleva a preocupação, porque em Rondônia a testagem é baixa e até a evolução da curva foi feita de forma seletiva, ou seja, só com sintomáticos que deram entrada em hospitais.
A Iniciativa Aruana de Checagem de Fatos, ligada à Baladeira, Agência Experimental de Comunicação, vinculada ao curso de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia, publicou estudo no dia 21 de maio que trata da subnotificação da Covid-19 em Rondônia.
Sobre as estatísticas não refletirem a realidade, pontuaram que “As experiências positivas de gestão de crise na saúde em decorrência do coronavírus ao redor do globo confirmam que o estabelecimento de medidas eficazes contra a expansão do vírus passa, necessariamente, pelas testagens em massa, e o resultado disso impacta os processos decisórios de governança.”