Apresentação com vários artistas tem vibrante releitura do repertório do músico
Carta Capital
Quando completou 100 anos de nascimento ano passado, Jackson do Pandeiro (1919-1982) foi homenageado em vários projetos. Há alguns dias, em meio à pandemia, o Sesc São Paulo lançou uma plataforma digital com diversos conteúdos artísticos.
O primeiro álbum musical inédito disponibilizado em formato digital pela plataforma foi uma homenagem ao centenário do Jackson do Pandeiro. As releituras do repertório do brilhante paraibano nesse trabalho são vibrantes e eloquentes, resgatando o lado valioso da cultura nacional.
Com o título de Toada Improvisada – Jackson do Pandeiro 100 Anos e direção artística de Alessandro Soares, o show, gravado em uma unidade do Sesc, conta com músicos conhecidos pela afinidade às peculiares musicais brasileiras: a boa cantora Mariana Aydar, os personalíssimos cantores Silvério Pessoa e Junio Barreto, a espanhola de sotaque flamenco Irene Atienza, Targino Gondim e sua sanfona e o virtuosíssimo francês Nicolas Krassik no violino, além do preciso violão de Gian Correa, Cosme Vieira (sanfona), Kabé Pinheiro (percussão), Vinícius Gomes (bateria), Luiz Maya (guitarra) e Tadeu Gouveia (baixo elétrico).
O repertório de Jackson do Pandeiro é um passeio nos ritmos brasileiros de origem. Ele é bem explorado neste álbum. Um conforto para almas enclausuradas pela pandemia.
A apresentação abre com belos instrumentais de alguns clássicos gravados por Jackson do Pandeiro. Junio Barreto canta Morena Bela, Lágrima e Tum, Tum, Tum.
A encantadora voz de Irene Atienza se revela a seguir em quatro músicas: Bodocongó, Forró de Surubim, Chiclete com Banana e Na Base da Chinela.
Silvério Pessoa, em noite inspirada, relê Um a Um, Papel Crepom, Cabeça Feita e Micróbio do Frevo. Aí entra Mariana Aydar com Casaca de Couro, Capoeira Mata Ume A Ordem é Samba.
O sanfoneiro Targino Gondim vem com Amor de Mentirinha, Tem Pouca Diferençae O Canto de Ema, esta última com participação de Aydar.
O encerramento é com todos no palco cantando Cantiga do Sapo e Sebastiana. A alegria está completa. Jackson foi e é isso. O Brasil pandeiro: “Expressão que não tem par”.
O fato de impor uma divisão rítmica intensa e forte nas músicas que cantou ao longo da carreira, Jackson do Pandeiro acabou se tornando referência para muitos artistas. Um jeito musical peculiar no qual esse show gravado conseguiu resgatar com louvor.