Presidente do ICMBio entrega cargo após desavença com Salles sobre queimadas no Pantanal

Presidente do ICMBio entrega cargo após desavença com Salles sobre queimadas no Pantanal

Lisandra Paraguassu e Jake Spring, Reuters – O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Homero Cerqueira, deixou o cargo na quinta-feira e o motivo da exoneração, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira e antecipada pela Reuters na noite da véspera, foi um desacordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre a atuação da agência no combate aos incêndios no Pantanal, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

De acordo com uma das fontes, a decisão foi tomada depois de uma reunião entre Salles e Cerqueira na quinta.

Na terça-feira, o ministro foi ao Mato Grosso do Sul verificar os incêndios que se espalham pelo Pantanal e já destruíram cerca de 10% da cobertura vegetal da região, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O MMA agradece o empenho e dedicação do Cel. Homero à frente da Presidência do ICMBio, seguindo na modernização e reformulação dos órgãos ambientais federais”, afirma a nota.

Ainda não foi definido o substituto de Cerqueira no comando da agência.

Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Cerqueira é o segundo presidente do instituto a deixar o cargo em pouco mais de um ano e meio de governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele assumiu o cargo em maio do ano passado, no lugar do ambientalista Adalberto Eberhard, que pediu demissão depois de uma visita ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) em que Salles ameaçou abrir processos administrativos contra servidores que não teriam comparecido ao evento em que ele estava.

O policial militar foi o responsável por colocar em prática uma reestruturação do ICMBio planejada por Salles que centralizou a gestão do órgão e colocou na mão de militares e policiais quatro das cinco gerências criadas então.

Ele chegou a ter seu nome ventilado como um possível sucessor de Salles em julho deste ano, quando a saída do ministro era dada como certa por aliados do governo depois de vários problemas, mas Bolsonaro decidiu bancar sua permanência.

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