A intensificação da militarização do campo na Amazônia é parte de metas que vem sendo implementadas desde o golpe militar de 1964 que tem como interesses a garantir da proteção aos grandes projetos de acumulação econômica de grupos capitalistas nacionais e internacionais, e de interesse também do velho Estado como gestor dos programas imperialistas na região, através de seu aparato repressivo ( administrativo, judiciário e policial).
Na geopolítica traçada para a região, após golpe militar de 1964, havia lugar para os camponeses que foram empurrados do Nordeste para projetos de colonização, mas na condição de disposição de força de trabalho para ser usada na implantação de obras de infraestruturas e das grandes fazendas, como serviçais das grandes empresas e de latifundiários, e só durante um determinado período. É tanto, que os projetos de colonização não duraram mais que dez anos, tendo a grande maioria das famílias que abandoná-los por falta de condições de neles permanecerem.
Populações tradicionais(pescadores, ribeirinhos, extrativistas), quilombolas, indígenas e camponeses passaram a ser considerados inimigos do desenvolvimento e onde quer que estivessem deveriam sair para dar lugar às rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, linhões de transmissão de energia, às grandes fazendas e mineradoras, como forma de desempendimento das áreas para o “progresso”.
Diante das reações e resistências dos povos o velho Estado sempre esteva presente com suas forças repressivas, com a participação de pistoleiros contratados por latifundiários, para expulsar as populações das áreas de seus interesses, queimando benfeitorias, torturando, prendendo e assassinando. Daí centenas de assassinatos seletivos ou através de chacinas e massacres, nestes ultimo quarenta anos na Amazônia.
Uma outra forma que o velho Estado e latifundiários, com apoio irrestrito da imprensa, atuam, é com a criminalização de lideranças e de movimentos organizativos das populações. Com a criminalização feita, as populações aparecem como criminosas e empresários e latifundiários, são tratados como vitimas. Motivo para que rapidamente as forças repressivas do velho Estado entrem em ação através do poder judiciário e da polícia, para expulsar e prender camponeses e fazer o desempendimento das áreas de interesse.
Portanto, não é novidade a criminalização que querem fazer como a Liga dos Camponeses Pobres em Rondônia, que por sinal vem sendo o alvo da força repressiva do velho Estado, desde que camponeses se levantaram depois do conhecido “Massacre de Corumbiara”, em 1995. E principalmente agora com o a iniciativa do governo antipovo em reeditar o programa de militarização da Amazônia, com Garantia da Lei e da Ordem –GLO, para afastar índios, quilombolas e camponeses sem terra ou com pouca terra, para entregar de vez as riquezas ao imperialismo norteamericano.
Nós, das Brigadas Populares vimos nos colocar em defesa dos direitos dos povos, contra qualquer ato de criminalização e de opressão contra estes, e nos solidarizar com a Liga dos Camponeses Pobres, na luta contra a militarização da Amazônia e na defesa dos territórios necessários à todas as famílias de quilombolas, indígenas e camponeses sem terra ou com pouca terra, e pela revolução agrária.
Marabá-PA, 06 de outubro de 2020.