A traição das elegantes, por Rubem Braga

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Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse — “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria — “mas essa história é mesmo muito engraçada!”.

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Eleições municipais: derrotas de aliados mostram que ‘Bolsonaro não é mais o mesmo de 2018’, diz cientista político

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BBC – A eleição foi municipal, mas a ida dos brasileiros às urnas em 2020 forneceu amostras de novos caminhos na política nacional e até internacional.

A avaliação é do cientista político Sérgio Abranches, para quem “a pandemia de coronavírus cortou o processo de polarização” que nos últimos anos levou à ascensão no mundo de políticos que ajudam a dar nome ao seu livro mais recente, O tempo dos governantes incidentais

O presidente Jair Bolsonaro é um destes políticos que aposta na polarização — uma orientação que, segundo Abranches, pode estar datada. Para o analista, a derrota de candidatos que o presidente apoiou nas eleições municipais indica que seu fôlego para uma possível candidatura à reeleição em 2022 ficou mais fraco. 

“O eleitorado indica que está procurando governantes mais estáveis, mais responsáveis, experientes e certamente que dão valor à ciência e respeitam a doença (a covid-19). E a rejeição ao Bolsonaro está muito associada a isso, a resposta dele à doença”, diz o cientista político, autor também de Presidencialismo de coalizão – Raízes e evolução do modelo político brasileiro e A era do imprevisto, entre outros.

“Continuaremos lutando no ano que vem com a pandemia e com a crise econômica. É um cenário muito adverso à polarização e às opções da extrema direita.”

Na contramão da polarização, o analista destaca o “ensaio” em Fortaleza de uma frente ampla que uniu diferentes partidos e lideranças políticas na eleição municipal e que poderá ser reproduzida com movimentos semelhantes em 2022. 

Particularmente no campo da esquerda, Abranches aponta para o fracasso do PT nas eleições municipais deste ano e destaca a ascensão do PSOL e Guilherme Boulos em São Paulo — que teve uma espécie de derrota vitoriosa, na avaliação de Abranches. 

Confira os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil – Algum resultado das eleições municipais serve com uma espécie de termômetro para a política nacional, para o que pode acontecer na eleição presidencial de 2022, por exemplo?

Sérgio Abranches – Um caso importante é o de Fortaleza, em que se ensaiou uma frente ampla contra um candidato que era claramente bolsonarista (Capitão Wagner, do PROS, teve apoio expresso de Bolsonaro). Ciro Gomes (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB) se juntaram ao José Sarto (PDT, candidato eleito), que teve também apoio do PT, PSDB, entre outros.

Aliás, os dois candidatos com mais cara de Bolsonaro, que melhor representavam as posições dele, em Fortaleza e em Belém do Pará (onde Edmilson Rodrigues, do PSOL, derrotou o Delegado Federal Eguchi, do Patriota), perderam para a esquerda — com apoio de partidos do centro democrático. São situações que já mostram uma mudança importante (na política nacional).

Sérgio Abranches posa para foto
Legenda da foto, Para o cientista político Sérgio Abranches, eleição em Fortaleza foi ‘ensaio’ de frente ampla contra o bolsonarismo

Uma coisa é a esquerda se unir de um lado, o centro de outro, a direita de outro. Isso faz blocos, não frentes. Agora, a frente ampla é aquela que atravessa o campo político-ideológico. Isso talvez se torne muito importante ao longo do ano que vem e no próximo, na preparação para as eleições de 2022. 

Não é que a gente voltou ao quadro pré-2018; é que a gente avançou para um quadro novo. 

BBC News Brasil – Como já indicou o primeiro turno, a eleição municipal de 2020 se consolida como uma derrota para Bolsonaro?

Abranches – Com certeza. O fato dele de repente ter começado a pedir votos muito no interior, muito nos grotões, mostra a fraqueza dele. 

Fica muito evidente nas pesquisas Ibope e Datafolha que, em praticamente todas as capitais, a popularidade de Bolsonaro está caindo muito. 

Quando você vê a reprovação do presidente aumentando em todos os Estados, quando vê os candidatos que ele apoiou sendo derrotados fragorosamente, como foi com Crivella no Rio (Marcelo Crivella, derrotado no segundo turno por Eduardo Paes, do DEM) e Celso Russomanno em São Paulo (derrotado no primeiro turno), claramente vê um enfraquecimento.

Bolsonaro já não é mais o mesmo de 2018 e certamente em 2022 não consegue reproduzir o que fez em 2018. 

Outro aspecto (observado nesta eleição) é que a rejeição ao PT continua muito forte. 

BBC News Brasil – O PT também sai derrotado desta eleição?

Abranches – Com toda a certeza o PT, Lula, Bolsonaro e seus seguidores foram os maiores derrotados nessa eleição. 

O PT tem que aprender a viver com novas lideranças dentro dele, tem que permitir a ascensão de novas lideranças. Não pode ficar preso eternamente ao Lula. E o próprio Lula tem que entender que o papel histórico dele mudou. Seu papel como presidente já se esgotou, e o papel histórico dele agora é ajudar o PT a encontrar um caminho novo. 

Em São Paulo, com o desgaste do PT e o desempenho pífio de Tatto (Jilmar Tatto, candidato do PT à capital paulista derrotado no primeiro turno, com menos de 9% dos votos), o PSOL passou a fazer o contraponto do PSDB à esquerda. Na cidade de São Paulo, o PSOL ganhou uma enorme musculatura, fazendo a maior bancada da Câmara Municipal junto com o PSDB. É surpreendente porque o PSOL nunca tinha concorrido de forma muito competitiva à Prefeitura de São Paulo. 

Gráfico mostra prefeitos por partidos nas eleições municipais de 2020
Legenda da foto, 
No almoço candidato e na janta reeleito

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Hildon Chaves segue no comando da Capital.

Mas…

Em 2016 foi eleito com mais de 65% dos votos.
A abstenção foi de 23,36%

Agora venceu com pouco mais de 54% e com 34% de abstenção.

Mais gente se negou a votar ( 113.826) do que votar nele (109.992).

E isso meus amigos, é um sinal claro de rejeição ao que tivemos com ele e com o que poderíamos ter com Cristiane Lopes.

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No próximo dia 02 de dezembro de 2020 estará em votação na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE-RO) o Projeto de Lei Complementar n.º 80/2020. Este foi  enviado por meio da mensagem n.º 204 de 08 de setembro de 2020, assinada pelo atual governador de Rondônia coronel Marcos José Rocha dos Santos, para apreciação dos membros da assembleia.        O texto apresenta os motivos pelo qual o governo de Rondônia continua insistindo na redução de Unidades de Conservação, sendo alguns deles: a dificuldade do Poder Público em implementar Políticas de Proteção Ambiental; o alto índice de ocupações irregulares; e a grande quantidade de bovinos sem licenciamento.

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