O vídeo está circulando nas redes sociais e mostra o compromisso assumido pelo governador Marcos Rocha (PSL) com um grupo de pessoas ligadas ao agronegócio para regularizar invasões em terras públicas.
A reunião parece ter ocorrido durante o processo eleitoral deste ano, porque o governador faz menção à disputa.
Ele afirma ter o apoio de deputados do seu partido e do presidente Jair Bolsonaro para que terras ocupadas ilegalmente sejam regularizadas.
Segundo Marcos Rocha, ao ser perguntado por um jornalista inglês se era a favor de acabar com as reservas, respondeu: “sim, porque tem reservas demais. Não é acabar com as reservas, é tirar o excesso de reservas”.
Ele afirmou que o presidente garantiu “pegar as terras da união que estão ocupadas há bastante tempo” e transferir para estado fazer o que chama de regularização fundiária.
Sobre operações contra o desmatamento que resultam em queima de equipamentos e máquinas, o governador demonstrou preocupação com quem exerce a atividade ilegal.
Os passos para regularizar invasões de fazendeiros, garimpeiros, grileiros e madeireiros, estão acelerados.
Tramita na Assembleia Legislativa do estado o PLC 080/20 que altera os limites da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim.
O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição de Justiça e de Redação e na última quarta-feira,2, uma audiência pública foi realizada, apesar da alta de 183% nos casos de COVID-19 no estado.
A governo e a classe política estão empenhados em desafetar mais de 160 mil hectares de unidades de conservação pra ‘passar a boiada’ de 120 mil animais.
Na audiência, o presidente da Casa de leis, Laerte Gomes (PSDB), disse que preferia Rondônia fora da Amazônia por sua “aptidão totalmente de produção”.
Em nota pública cerca de 50 entidades repudiaram a intenção do governador e pediram que o projeto seja retirado de pauta.
“Entregar essas áreas aos invasores é premiar e legitimar a ação do crime organizado no Estado. É assumir que o crime compensa e incentivar novas invasões em outras unidades de conservação, a exemplo do que ocorre na RESEX Aquariquara e outras reservas na região de Machadinho e Vale do Anari”, declararam.
Um estudo de três pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, mostra o “que sobrou de Amazônia no estado que mais devastou esse bioma”.
Luis Fernando Novoa Garzon, Daniele Severo da Silva e Maira da Silva Ribeiro, analisaram os impactos de desafetações e regularizações de crimes nas áreas de conservação.
“O eixo de expansão da BR 364 fez de Rondônia uma extensão longitudinal do Mato Grosso, com fronteiras sucedendo-se na mesma ordem: atividade madeireira, desmatamento, pecuária extensiva, monocultura da soja”, dizem os pesquisadores.
No ranking do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o estado de Rondônia aparece em quarto lugar com 1.259 km² de floresta derrubada, o que dá 11,4% de participação na destruição do maior valioso bioma do planeta. Junto com o Pará, Mato Grosso e Amazonas, é responsável por 87% do desmatamento medido pelo Prodes, sistema de monitoramento do INPE.