Revista Piauí, por CAMILLE LICHOTTI E RENATA BUONO
Mais de 400 mil quilômetros quadrados foram queimados de 2000 até 2019 na Amazônia. Esse número representa quase 30% de toda a área queimada no país nesse período. Para os pesquisadores, a ocorrência de queimadas na região está normalmente associada à ação humana, seja para desmatar ou para manejo agrícola. “As condições climáticas na Amazônia fazem com que o fogo não seja um fenômeno natural na região”, explica Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas. Mesmo assim, somente neste bioma, o fogo consumiu uma área equivalente a quatro Cubas nos últimos vinte anos – e mais da metade dela correspondia à vegetação natural da Amazônia.
Ao longo dessas duas décadas, mais da metade da área queimada na Amazônia pegou fogo mais de uma vez. A recorrência dos incêndios reforça ainda mais o papel do homem no processo de degradação ambiental. “Podemos afirmar com certeza que a maioria das queimadas registradas ali são fruto da atividade humana”, completa Azevedo. Sem a intervenção do homem, o fogo neste bioma ocorreria a cada intervalo de 500 a mil anos.
Ao que tudo indica, esse quadro está longe de ser revertido: em 2019, a área queimada cresceu 65% em relação ao ano anterior. E os números continuam desanimadores. Nas últimas duas décadas, a Amazônia queimou, em média, 48 mil quilômetros quadrados por ano. Mas até novembro deste ano, o fogo já atingiu uma área de 76 mil quilômetros quadrados – 58% a mais que a média. O bioma também bateu outro recorde este ano: teve a maior área queimada desde 2017. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Amazônia também é o bioma que mais concentra focos de incêndio em 2020.