A segunda reportagem da série percorre uma rodovia amazônica para compreender o que estamos ganhando ao trocar a complexidade da floresta por paisagens sem mistério.
Leia MaisMês: dezembro 2020
FERNANDO GABEIRA – DIÁRIO DA CRISE CCLXII
Algo muito grave está acontecendo nesse momento na Amazônia e se não denuciarmos, aqui no Brasil e fora dele, a ameaça vai se consumar.
O governador de Rondônia, Marcos da Rocha (PSL) e políticos de lá querem reduzir duas áreas de preservação ambiental e reformular o ZEE (zoneamento ecológico econômico) para favorecer o agronegócio e criadores de gado.
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No Blog do Pedloswki – A minha trajetória como pesquisador está diretamente relacionada com as quase duas décadas que me levaram a mergulhar nas complexas relações que regem as mudanças no uso e na cobertura florestal do estado de Rondônia. Tendo ido pela primeira vez a Rondônia em 1991, pude observar com o passar do tempo o lento, mas contínuo, avanço da franja do desmatamento para áreas de alto valor ecológico e que abrigam um grande número de povos indígenas e áreas ocupadas por seringueiros.
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Florestas e populações tradicionais seguem sendo ameaçadas com mais esse estímulo à invasão de terras públicas por criminosos e desmatadores.
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O vídeo está circulando nas redes sociais e mostra o compromisso assumido pelo governador Marcos Rocha (PSL) com um grupo de pessoas ligadas ao agronegócio para regularizar invasões em terras públicas.
A reunião parece ter ocorrido durante o processo eleitoral deste ano, porque o governador faz menção à disputa.
Ele afirma ter o apoio de deputados do seu partido e do presidente Jair Bolsonaro para que terras ocupadas ilegalmente sejam regularizadas.
Segundo Marcos Rocha, ao ser perguntado por um jornalista inglês se era a favor de acabar com as reservas, respondeu: “sim, porque tem reservas demais. Não é acabar com as reservas, é tirar o excesso de reservas”.
Ele afirmou que o presidente garantiu “pegar as terras da união que estão ocupadas há bastante tempo” e transferir para estado fazer o que chama de regularização fundiária.
Sobre operações contra o desmatamento que resultam em queima de equipamentos e máquinas, o governador demonstrou preocupação com quem exerce a atividade ilegal.
Os passos para regularizar invasões de fazendeiros, garimpeiros, grileiros e madeireiros, estão acelerados.
Tramita na Assembleia Legislativa do estado o PLC 080/20 que altera os limites da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim.
O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição de Justiça e de Redação e na última quarta-feira,2, uma audiência pública foi realizada, apesar da alta de 183% nos casos de COVID-19 no estado.
A governo e a classe política estão empenhados em desafetar mais de 160 mil hectares de unidades de conservação pra ‘passar a boiada’ de 120 mil animais.
Na audiência, o presidente da Casa de leis, Laerte Gomes (PSDB), disse que preferia Rondônia fora da Amazônia por sua “aptidão totalmente de produção”.
Em nota pública cerca de 50 entidades repudiaram a intenção do governador e pediram que o projeto seja retirado de pauta.
“Entregar essas áreas aos invasores é premiar e legitimar a ação do crime organizado no Estado. É assumir que o crime compensa e incentivar novas invasões em outras unidades de conservação, a exemplo do que ocorre na RESEX Aquariquara e outras reservas na região de Machadinho e Vale do Anari”, declararam.
Um estudo de três pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, mostra o “que sobrou de Amazônia no estado que mais devastou esse bioma”.
Luis Fernando Novoa Garzon, Daniele Severo da Silva e Maira da Silva Ribeiro, analisaram os impactos de desafetações e regularizações de crimes nas áreas de conservação.
“O eixo de expansão da BR 364 fez de Rondônia uma extensão longitudinal do Mato Grosso, com fronteiras sucedendo-se na mesma ordem: atividade madeireira, desmatamento, pecuária extensiva, monocultura da soja”, dizem os pesquisadores.
No ranking do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o estado de Rondônia aparece em quarto lugar com 1.259 km² de floresta derrubada, o que dá 11,4% de participação na destruição do maior valioso bioma do planeta. Junto com o Pará, Mato Grosso e Amazonas, é responsável por 87% do desmatamento medido pelo Prodes, sistema de monitoramento do INPE.