FERNANDO GABEIRA – DIÁRIO DA CRISE CCLXII

FERNANDO GABEIRA – DIÁRIO DA CRISE CCLXII

Algo muito grave está acontecendo nesse momento na Amazônia e se não denuciarmos, aqui no Brasil e fora dele, a ameaça vai se consumar.

O governador de Rondônia, Marcos da Rocha (PSL) e políticos de lá querem reduzir duas áreas de preservação ambiental e reformular o ZEE (zoneamento ecológico econômico) para favorecer o agronegócio e criadores de gado.

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Rondônia é mais uma a bola da vez na destruição na Amazônia

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No Blog do Pedloswki – A minha trajetória como pesquisador está diretamente relacionada com as quase duas décadas que me levaram a mergulhar nas complexas relações que regem as mudanças no uso e na cobertura florestal do estado de Rondônia. Tendo ido pela primeira vez a Rondônia em 1991, pude observar com o passar do tempo o lento, mas contínuo, avanço da franja do desmatamento para áreas de alto valor ecológico e que abrigam um grande número de povos indígenas e áreas ocupadas por seringueiros.

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Mineração na Amazônia bate recordes de desmate nos últimos dois anos e avança sobre áreas de conservação

Mineração na Amazônia bate recordes de desmate nos últimos dois anos e avança sobre áreas de conservação

Série histórica do Deter/Inpe iniciada em 2015 mostra que índices mais altos foram registrados ao longo dos últimos dois anos. Desmate por mineração em Unidades de Conservação cresceu 80,62% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2019. 

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90% dos brasileiros dizem que há racismo no País, mas 97% não se considera racista, aponta levantamento

90% dos brasileiros dizem que há racismo no País, mas 97% não se considera racista, aponta levantamento

Revista Forum – Pesquisa sobre o racismo no Brasil feita pelo Atlas Político e divulgada neste sábado (5) traz dados de diferentes estratos sociais que ajudam, em meio às discussões sobre o emblemático assassinato de João Alberto, homem negro espancado até a morte por seguranças de um Carrefour em Porto Alegre (RS), a entender qual a percepção do brasileiro com relação à temática racista.

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Governador de Rondônia aparece em vídeo garantindo acabar com ‘excesso de reservas ambientais’

Governador de Rondônia aparece em vídeo garantindo acabar com ‘excesso de reservas ambientais’

O vídeo está circulando nas redes sociais e mostra o compromisso assumido pelo governador Marcos Rocha (PSL) com um grupo de pessoas ligadas ao agronegócio para regularizar invasões em terras públicas.

A reunião parece ter ocorrido durante o processo eleitoral deste ano, porque o governador faz menção à disputa.

Ele afirma ter o apoio de deputados do seu partido e do presidente Jair Bolsonaro para que terras ocupadas ilegalmente sejam regularizadas. 

Segundo Marcos Rocha, ao ser perguntado por um jornalista inglês se era a favor de acabar com as reservas, respondeu: “sim, porque tem reservas demais. Não é acabar com as reservas, é tirar o excesso de reservas”.

Ele afirmou que o presidente garantiu “pegar as terras da união que estão ocupadas há bastante tempo” e transferir para estado fazer o que chama de regularização fundiária.

Sobre operações contra o desmatamento que resultam em queima de equipamentos e máquinas, o governador demonstrou preocupação com quem exerce a atividade ilegal.

Os passos para regularizar invasões de fazendeiros, garimpeiros, grileiros e madeireiros, estão acelerados. 

Tramita na Assembleia Legislativa  do estado o PLC 080/20 que altera os limites da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim.

O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição de Justiça e de Redação e na última quarta-feira,2, uma audiência pública foi realizada, apesar da alta de 183% nos casos de COVID-19 no estado. 

A governo e a classe política estão empenhados em desafetar mais de 160 mil hectares de unidades de conservação pra ‘passar a boiada’ de 120 mil animais. 

Na audiência, o presidente da Casa de leis, Laerte Gomes (PSDB), disse que preferia Rondônia fora da Amazônia por sua “aptidão totalmente de produção”. 

Em nota pública cerca de 50 entidades repudiaram a intenção do governador e pediram que o projeto seja retirado de pauta. 

“Entregar essas áreas aos invasores é premiar e legitimar a ação do crime organizado no Estado. É assumir que o crime compensa e incentivar novas invasões em outras unidades de conservação, a exemplo do que ocorre na RESEX Aquariquara e outras reservas na região de Machadinho e Vale do Anari”, declararam. 

Um estudo de três pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, mostra o “que sobrou de Amazônia no estado que mais devastou esse bioma”.

Luis Fernando Novoa Garzon, Daniele Severo da Silva e Maira da Silva Ribeiro, analisaram os impactos de desafetações e regularizações de crimes nas áreas de conservação.

“O eixo de expansão da BR 364 fez de Rondônia uma extensão longitudinal do Mato Grosso, com fronteiras sucedendo-se na mesma ordem: atividade madeireira, desmatamento, pecuária extensiva, monocultura da soja”, dizem os pesquisadores.


No ranking do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o estado de Rondônia aparece em quarto lugar com 1.259 km² de floresta derrubada, o que dá 11,4% de participação na destruição do maior valioso bioma do planeta. Junto com o Pará, Mato Grosso e Amazonas, é responsável por 87% do desmatamento medido pelo Prodes, sistema de monitoramento do INPE.