Um enorme navio com contêineres que estava preso no Canal de Suez desde terça-feira (23) foi finalmente liberado.
Na BBC
Peter Berdowski, presidente-executivo da empresa holandesa de salvamento Boskalis, disse que o Ever Given voltou a flutuar na segunda-feira (29/3), “tornando assim possível a passagem livre pelo Canal de Suez novamente”.
Mas ainda não está claro quando o tráfego no canal será 100% normalizado.
Conheça a seguir alguns números-chave que ajudam a entender por que o bloqueio causou tanta dor de cabeça para a indústria de navegação mundial.
1. O navio
O Ever Given é um dos maiores navios porta-contêineres do mundo. Tem 400 metros de comprimento e pesa 219 mil toneladas.
O navio pode transportar até 20 mil contêineres. No momento do acidente, levava pouco mais de 18 mil.
O cargueiro foi construído em 2018 e é operado pela empresa de transporte taiwanesa Evergreen Marine.
2. A importância do canal
O bloqueio do Canal de Suez não afeta apenas a indústria de transporte marítimo global, mas inúmeros outros negócios e até mesmo economias nacionais.
Cerca de 12% do comércio global, aproximadamente 1 milhão de barris de petróleo e em torno de 8% do gás natural liquefeito passam pelo canal todos os dias.
Antes da pandemia, o comércio pelo Canal de Suez contribuía com 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Egito, de acordo com a agência Moody’s.
2. O clima no momento do acidente
O Ever Given encalhou depois de alojar-se lateralmente ao longo do rio. No início, uma rajada de vento foi considerada a culpada. A velocidade do vento na época foi registrada em 40 nós.
Mas a Autoridade do Canal de Suez (ACS) disse a repórteres que essa não foi a única razão para o navio encalhar. Uma investigação seria necessária para determinar se ocorreram erros técnicos ou humanos.
3. O congestionamento de navios
O episódio criou um engarrafamento de navios no Canal de Suez. No domingo, véspera da liberação, havia 369 embarcações presas no congestionamento, esperando por solução em ambos os lados do bloqueio.
4. A rota alternativa
Alguns navios foram redirecionados, para evitar o bloqueio do Canal de Suez. Isso adiciona cerca de 6,5 mil km e oito dias ao total da viagem
5. Os esforços para desencalhar o Ever Given
No fim de semana, 14 rebocadores puxaram e empurraram o Ever Given na maré alta para tentar desencalhá-lo e foram capazes de mover o navio “30 graus da esquerda para a direita”.
Então, na manhã de segunda-feira, após vários relatos de que o navio havia voltado a flutuar parcialmente, a ACS emitiu um comunicado dizendo que o Ever Given havia sido “refloteado com sucesso”.
O ACS informou que as manobras continuariam para permitir “a restauração total da direção da embarcação para que fique posicionada no meio da hidrovia navegável”.
Então, depois de algumas horas, o Ever Given foi finalmente liberado por completo.
6. A fila de espera
Deve levar algum tempo para zerar o acúmulo de navios que esperam para usar o canal.
Richard Mead, editor-chefe do jornal de navegação Lloyd’s List, disse à BBC: “Há cerca de 450 navios ainda esperando para transitar pelo canal. Será um processo demorado”.
7. O custo do bloqueio
Os verdadeiros danos e custos são difíceis de avaliar até que o navio seja totalmente liberado e o comércio reiniciado. Mas algumas estimativas já têm sido divulgadas.
O presidente da ACS, Osama Rabie, disse que o prejuízo era de US$ 14 milhões a US$ 15 milhões (R$ 80 milhões a 86 milhões) por dia de bloqueio.
Por sua vez, dados da Lloyd’s List indicam que o navio encalhado estava segurando cerca de US$ 9,6 bilhões em comércio ao longo da hidrovia a cada dia.
Isso equivale a US$ 400 milhões e 3,3 milhões de toneladas de carga por hora, ou US$ 6,7 milhões por minuto.
A seguradora alemã Allianz disse que o bloqueio poderia custar ao comércio global entre US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões por semana e reduzir o crescimento anual do comércio em 0,2 a 0,4 pontos percentuais.