Coletivo Investigativo de Rondônia– Em áudio enviado às famílias dos diversos assentamentos dos municípios de Corumbiara e Chupinguaia, profissionais da saúde anunciaram a suspensão de atendimento médico por imposição do comando da PM de Rondônia. Na região, após a prisão de policiais militares que realizavam trabalho de pistolagem na fazenda N. S. Aparecida (que é parte do antigo complexo da Fazenda Santa Elina, palco do conflito agrário de 1995)
O comando da PM pressionou as secretarias de saúde locais para que impedissem que os atendimentos médicos previstos para esta semana fossem suspensos. Além do terror praticado contra as áreas camponesas vizinhas ao latifúndio N. S. Aparecida, tem ocorrido prisões arbitrárias, intimidações e incursões em lotes sem qualquer mandado judicial, evidenciando que o trabalho velado de pistolagem foi substituído pela ação estatal oficial em favor de latifundiários grileiros de terras. Diversas famílias da região denunciam abordagens intimidatórias, número excessivo de viaturas e voos rasantes de helicópteros e aviões de pequeno porte.
É de conhecimento da população local que as áreas camponesas Zé Bentão, Alzira Monteiro, Renato Nathan, Alberico Carvalho, Maranatá, Maranatá 2 mudaram a dinâmica econômica dos municípios vizinhos com suas mais de 600 famílias que vivem e produzem em seus lotes e que em sua maioria não tem qualquer assistência técnica e viabilização da sua produção. As famílias só conseguiram acesso à terra após a ocupação dirigida pela Liga dos Camponeses Pobres em 2008 e 2010 e exigiram que as terras fossem divididas por se tratar de dívida histórica com as famílias que lutaram no conflito de 1995.
A maioria dos latifúndios de Rondônia tem como únicos documentos os chamados Contratos de Alienação de Terras Públicas – CATPs, não possuindo título definitivo pois não cumpriram as cláusulas resolutivas previstas. Portanto são terras públicas que não cumpriram sua função social, sendo utilizadas para especulação de latifundiários que em sua maioria nem residem na região.
Diversas organizações sociais têm apelado junto ao Ministério Público Federal e a Organismos de Direitos Humanos nacionais e internacionais para uma visita in loco para averiguar eventuais atos de violência indiscriminada praticados por policiais militares, uma vez que Cysneiro Pachá acusado de inúmeras atrocidades em 1995, é o atual secretário de segurança pública de Rondônia e está pessoalmente empenhado numa mega operação na área de conflito (Relembre o caso em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0409200002.htm). Segundo Pachá, em matéria divulgada pela assessoria da Secretaria de Segurança Pública, uma operação “cumpriu pedidos de prisão no local de conflito decorrente de investigação do Ministério Público sobre armamento clandestino. Foram apreendidas 11 armas de fogo e detidas 11 pessoas“, mas não divulgou que entre os presos, havia policiais que trabalhavam como “seguranças” da fazenda. Uma equipe de jornalistas e correspondentes da imprensa nacional já se deslocou para a sede do município de Chupinguaia e acompanha a movimentação policial.