Saúde admite ao Ministério Público risco de perda de 2,3 milhões de testes de Covid

Saúde admite ao Ministério Público risco de perda de 2,3 milhões de testes de Covid

Informação está em documento que foi enviado à CPI. Apesar de testagem no Brasil ser baixa, de acordo com especialistas, Saúde pediu adiamento no envio de testes devido ao acúmulo dos itens em galpão do governo. 

Por Jornal Hoje

O Ministério da Saúde admitiu ao Ministério Público Federal o risco de perda de 2,3 milhões testes de Covid. Os testes estão estocados num almoxarifado e vencem neste mês. O documento foi encaminhado à CPI da Covid.

Na terça-feira (11), a Procuradoria-geral da República encaminhou à CPI documentos de um inquérito sigiloso sobre a atuação da União na aquisição e distribuição de testes. A investigação é feita pela Procuradoria da República no Distrito Federal. A informação foi divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo”. A TV Globo também teve acesso ao documento. 

Em um dos documentos, o Ministério da Saúde informou ao Ministério Público sobre o risco do vencimento dos testes.

“Portanto, analisando o cenário atual, o Ministério da Saúde possui no almoxarifado central aproximadamente 4,3 milhões de testes moleculares com vencimento para maio de 2021, e que considerando uma rede laboratorial com capacidade instalada de processamento de aproximadamente 1,5 milhões exames/mês e uma estimativa de perda por validade de pelo menos 2,3 milhões de testes moleculares”, afirmou o ministério.

Nesta sexta (14), o ministério reconheceu que deixou 1,7 milhão de testes perderem a validade. Cada teste custou ao cofres públicos R$ 42. 

O ministério afirmou, sem dar mais detalhes, que os testes vencidos vão ser substituídos pelo fornecedor, sem nenhum custo.

O documento chegou à CPI a partir de um requerimento do senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos governistas que integram o colegiado. 

Ele pediu que “cada uma das 27 procuradorias gerais de Justiça (dos estados e do Distrito federal)” e o Ministério Público Federal enviasssem um arquivo “de todos os inquéritos ou investigações em qualquer fase, relativos à aplicação de todos os recursos federais destinados aos estados, DF e municípios de até 200 mil habitantes para o combate à Covid”.

Histórico

Em novembro do ano passado, o número de testes encalhados era ainda maior: quase 7 milhões, com validade entre dezembro e janeiro deste ano.

A pedido do ministério, a Anvisa aprovou a extensão do prazo de vencimento por quatro meses, terminando entre maio e junho. 

A testagem em massa foi é defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medida necessária para conter a disseminação da doença desde o início da pandemia, no ano passado. 

Apesar de sucessivas promessas de ministros da Saúde, o Brasil é um dos países que ainda têm uma testagem considerada baixa.

Pedido de paralisação na entrega de testes 

No mesmo documento enviado à CPI, o Ministério da Saúde encaminhou um comunicado, que enviou em junho do ano passado, à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), pedindo a paralisação provisória da entrega de 4 milhões de testes.

No documento, a pasta reclama que a Opas “quer obrigar o ministério a receber uma quantidade remanescente dos referidos kits, que ainda não foram entregues, totalizando 40 mil kits, ou num total de 4 milhões de testes, sem que o ministério tenha aceito o cronograma de entrega”.

O ministério, então, pediu para suspender o fornecimento. 

“A solicitação da suspensão do fornecimentos dos insumos se jusfica pela pouca saída dos kits, superlotação do almoxarifado do MS em Guarulhos, vencimento dos kits que já estão no almoxarifado (40 mil kits, ou seja 4 milhões de testes), os quais tem vencimento previsto para dezembro de 2020 e a falta do testes de extração RNA”, afirmou a pasta. 

Segundo o ministério, se não houvesse a paralisação haveria “problemas de médio a longo prazo que podem gerar custos ao Ministério da Saúde”.

O ministério disse ainda que, se não houvesse a paralisação, teria que descartar os kits por incineração.

Questionado, o Ministério da Saúde não respondeu se queimou os testes no ano passado, diante da falta de espaço no galpão em Guarulhos.

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