UOL, por Reinaldo Azevedo – Tudo indica que Jair Bolsonaro e o “gabinete do ódio”, que cuida das suas redes sociais, saíram mesmo da casinha. Neste domingo, o presidente não se limitou a associar aqueles que se manifestam contra a ele a atos violentos — o que é uma mentira escandalosa. Também houve por bem fazer insinuações contra a vida privada de ministros no Supremo. Isso no mínimo! Chega a falar em “traficantes”. Imaginem o que vem por aí se disputar a eleição de 2022.
Afirmou:
– Vamos supor uma autoridade filmada numa cena com menores (ou com pessoas do mesmo sexo ou com traficantes) e esse alguém (“Daniel”) passe a fazer chantagem ameaçando divulgar esse vídeo.
– Essa prática de chantagem, muito utilizada em Cuba, se encontra na página 143 do livro “A vida secreta de Fidel” de Juan Reinaldo Sánchez.
– Parece que isso está sendo utilizado no Brasil (importado de Cuba pela esquerda) onde certas autoridades tomam decisões simplesmente absurdas, para atender ao chantageador (“Daniel”).
– Quando nada têm contra seu alvo principal, vão para cima de filhos, parentes, e amigos do mesmo.
– Inquéritos e acusações absurdas, … Daí quebram sigilos, determinam buscas e apreensões, decretam prisões arbitrárias, etc…
É claro que ele faz uma alusão coberta à decisão do ministro Alexandre de Moraes de ter aberto novo inquérito para investigar possível organização criminosa dedicada ao ataque às instituições. Como se sabe, por razões que não encontram amparo nos fatos, a PGR manifestou-se pelo arquivamento de inquérito anterior, sem ver motivos para oferecer denúncia, embora a Polícia Federal tenha encontrado coisas assombrosas.
Mas a baixaria tem espectro mais amplo. Bolsonaro também tem afirmado a seus fanáticos que ministros do STF resolveram se organizar em complô para eleger Lula. As decisões recentes sobre a incompetência e a suspeição de Moro seriam parte de uma arquitetura com esse objetivo, que se complementa com o voto eletrônico. Entenderam?
Mas isso parecia pouco. Então vem agora a insinuação de que alguém teria vídeos comprometedores contra “autoridades” — e só pode estar se referindo a ministros da Corte — e as estaria chantageando. E, claro, o “Q Anon” caipira precisa atribuir isso ao… comunismo. A pessoa em questão estaria empregando aqui um método importado de Cuba.
É tudo de uma delinquência assombrosa.
E Bolsonaro finge saber de tudo.
Nem preciso notar, porque vocês já perceberam, que, tivesse alguma carta na manga contra os ministros, seria ele próprio, então, a empregar o suposto “método cubano”. Porque, por óbvio, vai uma ameaça na sublinha: “Ou vocês começam a fazer o que eu quero, ou vou contar o que eu sei e apresentar as provas”.
É mesmo?
São “provas” tão boas como as que dispõe de que houve fraude na eleição de 2018 e de que ele venceu no primeiro turno. O TSE lhe deu prazo para apresentá-las. Ele já disse que não vai fazê-lo. Claro que não vai. Não tem nada. Falou para mobilizar seus trouxas.
Seus tuítes já foram replicados pela Bozolândia e pela robolândia.
Pronto! Para o bolsonarismo, uma parte dos ministros do Supremo está, agora, sob o comando de “Daniel”, aquele que usa os meios, que ele atribui a Fidel Castro, para controlar o Supremo e o país.
Observem o padrão de sordidez a que foi reduzida a Presidência da República.
Tudo é feito com o rigor dos covardes: “vamos supor que…”; “parece que…”. Assim, dá a entender que sabe de muita coisa, mas que não pode falar agora.
“Aqueles a quem os deuses querem destruir, tira-lhes primeiro o juízo”.
Bolsonaro nunca teve juízo.
Num momento em que parte considerável das instituições também perdeu o seu, ele chegou ao poder. E espalha, a partir da Presidência, seu padrão demencial.
Vamos lá, “Daniel Bolsonaro”, divulgue o que tem!
Não se comporte como um chantagista covarde!
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