Amazônia Real, por Lúcio Flávio Ponto – Há 176 milhões de pessoas em idade de trabalhar entre os 210 milhões de brasileiros. Apenas 30,5 milhões são declarantes do imposto de renda. Desses, só 13 milhões tiveram que fazer as suas declarações em formulários completos. A maioria (17,5 milhões) usou a versão simples.
Esses 30,5 milhões de declarantes tiveram rendimentos tributáveis de quase 2 trilhões de reais (R$ 1,913 trilhão), e tributáveis exclusivamente na fonte de menos de R$ 380 bilhões (R$ 379 bilhões) e isentos de pouco menos de R$ 1 trilhão (R$ 1,039 trilhão).
Tais declarantes ainda tiveram direitos de deduções e renúncias fiscais no valor de R$ 415 bilhões, gerando um imposto devido de R$ 195 bilhões, o que significa tributação de apenas 8,37% de suas rendas tributáveis e tributáveis exclusivamente, que somaram R$ 2,327 trilhões.
Esses 30,5 milhões de brasileiros (14,39% da população do país) declararam bens e direitos no valor de R$ 10,476 trilhões (144,36% do PIB de 2019, que foi de R$ 7,257 trilhões).
Menos de 15% da população da oitava mais importante nação do mundo possui bens e direitos que ultrapassam em quase 50% o total da riqueza da nação. Parte desse patrimônio escondido, não declarado ou transferido ilicitamente para o exterior, onde as contas ainda secretas de brasileiros se contam aos milhares – e continuarão a engrossar com a eliminação da calça aos corruptos da Operação Lava-Jato.
Há país do porte do Brasil mais desigual do que a terra do outrora devastado Pau Brasil, na sua versão atualizada da pilhada Amazônia, que oferece matérias primas (minério de ferro, soja, carne, alumínio, alumina, bauxita, cobre, níquel, ouro) para essa elite faturar em dólar e aumentar a concentração da sua riqueza?