Silvio Santos embarcou no trem da viagem sem volta.
A desolação esparramou-se pela estação saudade.
Silvio se fez dormente da ferrovia da nossa cultura popular.
Nele se fixaram os trilhos onde passaram o samba, a quadrilha junina e o boi-bumbá, o carnaval de rua, o teatro, a poesia, o cinema e tudo mais da nossa memória cultural ribeirinha, urbana e rural.
É muita a gratidão a Silvio Santos pelo tanto que contribuiu com nossa herança cultural.
Dom Moacir Grechi dizia “que pessoas comuns, em
lugares simples, conseguem fazer coisas extraordinárias.
A frase resume bem a vida do amigo que me deu a honra de prefaciar o livro ‘As peripécias do General’.
Ele foi único no que fez e na forma como fez.
Silvio revolucionou a cobertura dos eventos culturais colocando o saber popular em destaque.
Deu eco às vozes de comunidades da beira, da cidade e do interior sem eira nem beira.
Silvio serviu como jornalista e fazedor de cultura popular.
Transitou como estandarte de todas as manifestações tradicionais, mas saudou o novo com o mesmo amor e coragem.
Ele me inspirou a fazer mais como jornalista pela cultura popular.
Com ele aprendi que para transformar a cidade e as pessoas é preciso colocar ‘Lenha na Fogueira’.
Aprendi com ele que ostentar nossa identidade cultural é adquirir força para lutar contra o seu apagamento.
Com ele compreendi que a polêmica lançada como navalha ao senso comum transforma a realidade.
Silvio se foi, mas não sairá da cidade, das pessoas e das manifestações culturais que exaltou e protegeu.
Não demorem a colocar sua estátua ao lado do Manelão no Mercado Cultural.
Lá estará sempre presente na cena cultural observando o seu sonho teimoso se realizar.
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