247 – Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (3) que a ativista Txai Suruí, que discursou na Conferência Sobre Mudanças Climáticas em nome dos povos originários, foi convidada para atacar o Brasil e reclamou por ter sido criticado por não ir à conferência em Glasgow, na Escócia.
“Tão reclamando que eu não fui pra Glasgow. Levaram uma índia pra lá pra substituir o Raoni [Metuktire, líder indígena], né? Para atacar o Brasil”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Txai Suruí, de 24 anos, é ativista em Rondônia e defende o povo Paiter Suruí no Estado. O líder indígena Raoni Metuktire, da etnia caiapó, é conhecido internacionalmente por sua luta pela preservação da Amazônia.
Bolsonaro prosseguiu com os ataques: “Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém já viu americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia? É só aqui, só aqui.”
No discurso, Txai Suruí denunciou a situação dos povos indígenas no Brasil e criticou os líderes mundiais por fecharem os olhos para a realidade. A jovem militante revelou que foi ameaçada por brasileiros por conta do seu discurso.
“Depois do meu discurso, fui dar algumas entrevistas, muitas pessoas queriam falar comigo, e uma parte brasileira ficou me intimidando. Ele chegou depois em um momento e falou ‘não fala mal do Brasil’, porque a gente está aqui para ajudar’. Me senti muito intimidada e não foi muito leal”, disse Suruí.
“Foi bem desconfortável. O Brasil, que é um dos países que sempre tiveram no centro dessa discussão, sempre foi um dos países mais importantes, não tem os seus representantes aqui, do governo”, criticou.
Joe Biden, dos EUA, Angela Merkel, da Alemanha, e Boris Johnson, do Reino Unido, estavam em Glasgow, enquanto Bolsonaro estava no norte da Itália, visitando Anguillara Veneta e Pádua, cidade onde seu bisavô paterno nasceu.