Governo de Jair Bolsonaro não trouxe absolutamente nada de positivo a celebrar em relação ao Meio Ambiente, muito pelo contrário.
Por Jorge Pontes
Nesse domingo, 5 de junho, comemora-se – globalmente – o Dia Mundial do Meio Ambiente
A data marca também os 30 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – Rio 92, da qual tive a oportunidade de participar como policial federal em missão de segurança dos chefes de Estado que ali se reuniram. Foi a maior reunião de trabalho sobre o tema até então realizada, e ficou igualmente conhecida como Eco-92, Cúpula da Terra e Conferência do Rio de Janeiro.
Hoje, por aqui, não temos absolutamente nada de positivo a celebrar em relação ao Meio Ambiente, muito pelo contrário. O governo de Jair Bolsonaro, na realidade, nos tira toda e qualquer possibilidade de regozijo ou comemoração pelo tema.
Apesar do enorme potencial ambiental do Brasil, vivemos, com o projeto bolsonarista, um período de trevas em que contabilizamos inúmeros retrocessos na matéria. E retroceder, em questões ambientais, é algo perigosíssimo, pois não sabemos se ainda nos resta, nessa altura dos acontecimentos, tempo suficiente para revertermos muitos dos danos já causados à natureza.
Com o aumento da devastação de extensas áreas de cobertura florestal, como vem ocorrendo em nosso país – com a explosão da atuação criminosa de madeireiras, garimpeiros e grileiros, estamos perdendo – junto com as árvores – toda uma biodiversidade que sequer foi apropriadamente inventariada pela ciência.
E o governo Bolsonaro, aparentemente, vem atuando com o objetivo de enfraquecer as estruturas de fiscalização e enfrentamento aos crimes ambientais, minando suas resistências por intermédio do aparelhamento das instituições e do afrouxamento das normas de proteção do nosso patrimônio natural.
É a tal “passagem da boiada”, conforme as palavras de Ricardo Salles, ex-ministro de triste memória. O projeto bolsonarista para o meio ambiente é tão somente o desmonte. Não há qualquer traço de preocupação com sustentabilidade, com a salvaguarda das florestas ou da biodiversidade.
E exatamente sobre delitos e degradação do meio ambiente no Brasil, está sendo lançada em breve, com selo da editora Mapalab, a obra “Nadando contra a corrente – A história do combate aos crimes ambientais na Polícia Federal: desafios, retrocessos e reflexões para o futuro”.
No livro, registramos fatos e situações, desde os primórdios da criação do braço da PF especializado no combate à delinquência ambiental, passando pela era das grandes operações, pelo enfrentamento de biopiratas, de quadrilhas de contrabandistas de vida selvagem, de madeira ilegal, até o desenvolvimento e aplicação de sofisticadas técnicas de investigação com base em geointeligência, e do estabelecimento de cooperação internacional em alto nível, como suporte aos nossos inquéritos. Em suma, relata o despertar da consciência ambiental na PF, e a luta que seus agentes, peritos e delegados vêm travando contra a criminalidade ambiental organizada no país, em especial na região amazônica.
Finalmente, se não temos muito a festejar no Dia Mundial do Meio Ambiente, podemos ao menos esperançar, como nação, uma mudança no comando do país, a partir de 2023, por conta das eleições de outubro desse ano. A tragédia ambiental brasileira, operada pelo governo de Jair Bolsonaro, por si só, já é motivo mais do que suficiente para que o despejemos do Planalto nessa primeira oportunidade.
As árvores, a fauna silvestre, enfim, a natureza como um todo, irá nos agradecer silenciosa e penhoradamente.