A Associação do Povo Indígena Uru-Eu-Wau-Wau – Jupaú e a Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé, aguardam novos detalhes sobre a prisão preventiva, realizada hoje pela Polícia Federal, do principal suspeito de ter assassinado nosso parente Ari Uru-Eu-Wau-Wau há dois anos.
Detalhes como a identidade do homem e a motivação da morte são de fundamental importância para a família e demais indígenas Uru-Eu-Wau-Wau.
O crime ocorreu em meio à falta de fiscalização, invasões de terras por grileiros, garimpeiros e madeireiros. Esperamos também que esta Operação Guardião Uru, nome dado em homenagem ao Ari, ajude a solucionar outros crimes cometidos na região.
Seguiremos acompanhando o caso até a efetiva punição com os rigores da lei dos envolvidos na morte de nosso parente e a saída dos milhares de invasores da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau.
Para nós, é muito importante ter a proteção da Polícia Federal, pois outros indígenas e ativistas estão ameaçados de morte por defenderem a floresta.
Ari Uru-Eu-Wau-Wau é retratado no documentário “The Territory” (O Território) já exibido e premiado nos principais festivais de cinema do mundo neste ano. Coproduzido por nosso povo e com produção executiva de Txai Suruí, “The Territory” retrata a nossa luta contra o desmatamento e tem previsão de estreia no Brasil para este segundo semestre.
A prisão deste suspeito ocorre um mês após a morte de Bruno Pereira e Dom Phillips, que gerou grande comoção, no Brasil e no exterior, em relação à violência que domina a Amazônia e nos aterroriza. Nesse sentido, ela pode ser vista como um sinal para aqueles que praticam ilegalidades nos nossos territórios de que a Polícia Federal não será leniente.
Sabemos que o atual governo utiliza uma política de morte, genocida, que atenta contra a vida dos povos indígenas. As dificuldades enfrentadas pelo povo e pela Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau têm sido amplamente denunciadas pela comunidade aos órgãos competentes, mas nenhuma providência foi tomada.
O cruel assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, bem como a morte Dom e Bruno, reforçam a necessidade de proteção das Terras Indígenas e de seus habitantes. São necessárias medidas urgentes para tirar os invasores e a adoção de políticas que, de fato, garantam a proteção territorial, cultural e da vida dos povos originários.
Quanto ao homem preso hoje, esperamos que as perguntas que ainda existem sejam respondidas, que a Justiça seja feita e que casos como este não se repitam.
Associação do Povo Indígena Uru-Eu-Wau-Wau – Jupaú Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé