Pistoleiros atacam posseiros do Seringal do Belmont

Pistoleiros atacam posseiros do Seringal do Belmont

A madrugada de domingo, 18, foi de terror para as 48 famílias que reocuparam posse distante cerca de três quilômetros da área urbana da capital.

A comunidade sofreu um ataque violento de pelo menos seis pistoleiros que dispararam contra o acampamento.

As famílias foram rendidas e obrigadas a deixarem suas casas em ‘fila indiana’, sob ameaça de morte.

Segundo relatos, as famílias foram levadas para local aberto, onde os pistoleiros separaram homens e mulheres e iniciaram uma sessão de tortura.

Os espancamentos eram pra forçar os posseiros a dizerem onde estava uma liderança da comunidade.

Dentro de uma casa onde ficaram crianças e animais de estimação, os pistoleiros roubaram celulares, documentos pessoais e carteiras e bolsas com dinheiro.

“Os criminosos jogaram óleo diesel na parte de cima da casa para incendiá-la. Nesse momento as famílias, mesmo rendidas pelos bandidos, movidas pelo desespero ao perceberem que suas crianças estavam dentro da casa e poderiam morrer queimadas, correram para salvar seus filhos”, denunciou a Comissão Pastoral da Terra, CPT – RO.

Um dos depoentes disse que os criminosos estavam focados em encontrar a liderança do acampamento e não esperavam encontrar crianças, idosos e mulheres.

Com o incêndio, animais de estimação que estavam na parte de cima da casa morreram queimados. Um cão sobreviveu e está sendo atendido pela organização de proteção a animais, a Anamnese Consulta.

Segundo a CPT, noventa famílias viviam nessa comunidade desde 2014. “Em dezembro de 2020 foram despejados à revelia, inclusive, contradizendo as medidas determinadas pelo período pandêmico. Por conta do período de isolamento, as famílias não tiveram acesso a informação de que havia algum processo contra elas”.

Em agosto o grupo foi ouvido durante a missão do Conselho Nacional de Direitos Humanos, CNDH, e no dia 8 de setembro houve decisão favorável às famílias (N.º 7043042-90.2020.8.22.0000).

No dia 15 de setembro a decisão judicial foi apresentada em reunião no INCRA com pedido de encaminhamento.

Uma testemunha informou que no mesmo dia a liderança que os pistoleiros tanto procuravam havia sido ameaçada por latifundiário vizinho a área em disputa.

Neste domingo, houve ação de investigação e registro dos fatos por uma comissão composta pelo Conselho Estadual dos Direitos Humanos, pela Ouvidoria da Defensoria Pública do Estado de Rondônia, pela Comissão Pastoral da Terra, pelo Interjus/Instituto Terra e Justiça e outros parceiros de militância Social e defesa de Direitos Humanos.

Eles foram ao local ouvir as famílias e se comprometeram em acionar os órgãos competentes em Segurança Pública Estadual e Federal.

As famílias pedem socorro, segurança e agilidade por parte das autoridades competentes.

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