FSP, SÃO PAULO – O silêncio estratégico é a melhor forma de combater a desinformação, de acordo com Cristina Tardáguila, diretora do ICFJ (International Center for Journalists) e fundadora da Agência Lupa.
Para ela, a imprensa deve aprender a ficar “tranquila” com a possibilidade de enterrar um assunto falso. “Antes de esclarecer sobre desinformação, a gente precisa saber o tamanho dessa notícia, porque a gente corre o risco de estar sendo usada para amplificar uma narrativa falsa.”
No último episódio de Eleições na Internet, Tardáguila também fala sobre a dificuldade das agências de checagem de levar a informação verídica a quem recebe a desinformação. “Outro desafio é vencer campanhas de intimidação feitas por quem quer deslegitimar a correção das informações”, aponta a jornalista –que já foi ameaçada de morte por causa do seu trabalho.
No mês passado, Alex Jones, empresário milionário com vasta presença digital dedicada ao conspiracionismo de extrema direita, foi condenado a pagar US$ 1 bilhão a famílias de crianças mortas no massacre da escola Sandy Hook, em Connecticut, em 2012.
Jones faturou uma fortuna com a mentira de que o massacre nunca ocorreu, não passou de encenação.
Para Tardáguila, o sistema de controle da distribuição de anúncios realizado no Brasil é muito precário. “Existem grandes movimentos mundo afora para ajudar os marqueteiros a saberem onde colocar seus anúncios. Enquanto isso, pessoas como Alex Jones e vários desinformadores travestidos de jornalistas no Brasil continuam enchendo o bolso com AdSense [serviço de publicidade do Google].
Apresentada pela repórter especial Patrícia Campos Mello, a série Eleições na Internet também conta com a participação de Carlos Affonso Souza, diretor do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade).
O projeto é uma parceria da Folha com o ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) com apoio do YouTube. Os episódios também estão disponíveis nos principais tocadores de podcast.