A agenda que alguns denominam de identitária para desqualificá-la é a que junta gente nas ruas. E a esquerda se fizer de conta que não tem nada com ela, perde um potente ativo político
Revista Fórum – Há um campo político na esquerda que vive de lacrar contra aqueles que chamam de “identitários”. Gente que diz que só vamos conseguir avançar e ganhar eleições se entendermos que o Brasil é um país conservador. Ou seja, se abrirmos mãos de pautas que disputem uma agenda de direitos humanos, entre elas a dos direitos das LGBTs terem uma vida segura e uma cidadania ampla.
Neste domingo (2), na Avenida Paulista, esse segmento social que merece todo o respeito das lideranças progressistas, porque em sua ampla maioria sempre vota em partidos e candidatos mais à esquerda, deu mais uma vez um show de como se pode fazer mobilização com alegria e pautando a política.
Boa parte dos manifestantes foi de verde amarelo para dar um recado aos bolosnaristas: estamos aqui para disputar nosso país. E não só se colocaram na disputa, como deram esse recado para setores de dentro da esquerda.
O fato objetivo é que só podemos avançar de verdade se fincarmos nossas bandeiras e lutarmos por elas.
A justiça social, os direitos humanos e a defesa do meio ambiente são as grandes bandeiras do nosso tempo histórico. E para defender os direitos humanos é preciso defender os direitos LGTBs. É preciso entender as pautas desse grupo social como estratégicas e não apenas táticas do ponto de vista democrático.
Essa esquerda envelhecida, que não entendeu que não é rebaixando nossas pautas que alcançamos vitórias, vai deixando as ruas para Bolsonaro enquanto reclama de tudo que é novo na construção política de um novo progressismo.
Quem do nosso lado consegue disputar o imaginário das disputas políticas? Quem consegue juntar 3 milhões de pessoas na Paulista e assustar os líderes bolsonaristas?
Pois é, amigos, a agenda que alguns denominam de identitária para desqualificá-la é a que junta gente nas ruas. E a esquerda se fizer de conta que não tem nada com ela, perde um potente ativo político.
Não é o caso de torná-la nossa única pauta. Mas de entender que ela também é central na construção de políticas públicas.
Boulos, que não é bobo, fez muito bem ter ido na Parada. Silvio Almeida, idem.