Rondônia Dinâmica, por Vinicius Canova – Iago Viana é músico. Mas não é “só” músico. Ele é o resultado encarnado da soma dos conceitos de esforço, dedicação, estudo e perseverança.
Não, ele não é um prodígio. E não, não é uma força da natureza. Aliás, ele fica p***, e com razão, quando sugerem qualquer coisa nesse sentido. O cara é, para todos os efeitos, justamente o contrário disso: a prova de que trabalho duro, abnegado, misturado com paixão e paciência, sim, traz resultados.
Ele toca rock? Sim, pode tocar; dar aula (é o que faz, inclusive, na School of Rock); ensinar; se apresentar; dar voleio; bicicleta; carretilha; chapéu e até fazer inveja a quem é do gênero. Mas antes de qualquer coisa sua maestria tem raízes profundas e brasileiras, da MPB, passando bela bossa nova, excursionando pela guitarrada paraense e visitando ainda o samba, frevo, carimbó, maracatu e daí por diante.
Com essa bagagem, integrou a banda Benvas e Agremiação de Desportos Sonoros, liderada pelo talentoso Anderson Benvindo (Benvindo ao Pacífico) durante a disputa do “Grego Autoral”. Certamente o grupo mais exótico dentro do contexto da contenda vez que, fugindo ao rock e seus subgêneros, trouxe algo cem por cento original, explorando sonoridades, incorporando artistas locais e brincando de Carnaval dentro da porradaria tradicional dos acordes em bloco distorcidos. Com isso, a agremiação tornou-se, ao menos aos olhos e ouvidos deste combalido redator, o trabalho mais subversivo de todos. Se valesse o prêmio, seria deles.
Benvas e Agremiação de Desportos Sonoros foi a grande surpresa do “Grego Autoral” / Reprodução
Porém, se a banda não conseguiu levar pra casa troféu, façanha “abocanhada” pela banda Monolito, de Ariquemes, Iago Viana foi referendado como o melhor guitarrista da quarta edição do evento.
Teria como ser diferente? Não. Com todo o respeito a todos os grandes guitarristas rondonienses, e aí posso incluir facilmente mestres como Gilberto Lobo; Caio Neiva; Rômulo Pacífico; Vagner Modesto e também os saudosos Gustavo Erse e Marcelo Bennesby, Iago, na minha opinião, tem o “algo a mais”, que é aquele ingrediente inexplicável.
Você sabe que tem. Sabe que está lá, mas não consegue dizer exatamente o que é.
Seria a postura? Seria a técnica? Seria a facilidade de se encontrar nas músicas? A rapidez com que encaixa improvisos? Não sei dizer, mas certamente os jurados do “Grego Autoral” souberam, e, por sorte e justiça, concederam a ele a merecida condecoração.
Leve-se em conta ainda uma vida corrida e batalhada — conciliada ao amor desmedido de pai (salve, Joca) –, enfrentada pela grande maioria dos brasileiros, onde “tirar música” é justamente o que o relógio não permite.
Então sua participação foi, do início ao fim, composta por improvisos de riffs, solos e acordes baseados em sua compreensão teórica musical e aplicados ali, na hora, durante a execução das faixas da inusitada e revolucionária banda Benvas e Agremiação de Desportos Sonoros.
Iago, você faz chover, irmão. Parabéns pelo seu prêmio. Definitivamente é um prazer ser seu amigo; e é uma honra, ainda maior, aprender contigo.