As cenas mostram como a destruição avança rapidamente durante a atual temporada de queimadas, que caminha para ser uma das piores já registradas nos últimos anos. Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, em julho, a Amazônia teve o maior registro de focos de calor em 19 anos. Em agosto, que ainda não terminou, os registros já superaram os de 2023.
No norte de Rondônia, a InfoAmazonia registrou o fogo em fazendas que receberam crédito rural do Plano Safra, programa do governo federal que oferece linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios e grandes produtores por meio de bancos públicos, privados e cooperativas de crédito habilitadas para financiar o agronegócio.
“Nós sobrevoamos diversas propriedades que estão nestas áreas e que acessaram financiamento de crédito rural. Algumas destas áreas estão embargadas por desmatamento, mas todas fizeram uso do fogo de forma ilegal”, afirmou Thaís Bannwart, porta-voz de Florestas do Greenpeace Brasil. “As instituições financeiras precisam encontrar uma solução para quem faz o uso ilegal e criminoso do fogo, para que elas não acessem financiamento”.
O fogo atinge florestas públicas não destinadas, terras indígenas e unidades de conservação em Rondônia. Um dos casos registrados foi na Estação Ecológica (Esec) Soldado da Borracha, criada em 2008, mas que teve sua proteção anulada por meio de um decreto do governador de Rondônia, Marcos Rocha, em 2022. Esta é uma das regiões que mais concentrou fogo na Amazônia nos últimos dias.
O fogo também é registrado no Parque Nacional do Mapinguari, na divisa entre Rondônia e Amazonas, e em fazendas próximas. Outro ponto crítico é a região ao redor da BR-319, na divisa dos dois estados, onde a fumaça praticamente fez o traçado da rodovia desaparecer no horizonte.
Já no norte do Mato Grosso, as queimadas ocorrem no interior da Terra Indígena Sararé, onde a equipe do Greenpeace identificou uma grande área de garimpo ilegal. Nessa região, fogo, garimpo e áreas de pastagem mostram como o ciclo de destruição avança sobre o território do povo Nambikwara.
Os dados do Inpe mostram focos de calor ativos em muitas das áreas protegidas nesta região da Amazônia, principalmente entre Rondônia e o sul do Amazonas, como no Parque Estadual do Guajará-Mirim, onde há focos ativos há mais de 30 dias, na Resex Jaci-Paraná e nas terras indígenas Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau e Igarapé Lage, todas em Rondônia.
Crédito: Fábio Bispo – InfoAmazonia*
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