Mensagens de ódio são direcionadas 600 vezes mais a candidatas mulheres, diz estudo

Mensagens de ódio são direcionadas 600 vezes mais a candidatas mulheres, diz estudo

Revista Fórum – A violência política pelas redes sociais atinge em sua maioria as mulheres candidatas. Um estudo revelou que elas receberam mais do dobro de insultos e quase cinco vezes mais ataques em comparação aos homens. Os ataques, que vão da misoginia à xenofobia, reforçam estereótipos de gênero sobre aparência, idade e capacidade.

Enquanto os homens receberam 417 insultos e 105 ataques, mulheres já foram alvo de 733 insultos e 462 ataques, 673 insultos e ataques a mais em comparação aos homens em cidades do interior do Brasil, o que representa um acréscimo de 128,9% no cenário de violência política de gênero.

A violência política pelas redes sociais atinge em sua maioria as mulheres candidatas. Um estudo revelou que elas receberam mais do dobro de insultos e quase cinco vezes mais ataques em comparação aos homens. Os ataques, que vão da misoginia à xenofobia, reforçam estereótipos de gênero sobre aparência, idade e capacidade.

Enquanto os homens receberam 417 insultos e 105 ataques, mulheres já foram alvo de 733 insultos e 462 ataques, 673 insultos e ataques a mais em comparação aos homens em cidades do interior do Brasil, o que representa um acréscimo de 128,9% no cenário de violência política de gênero.

Os dados são do Instituto MonitorA, observatório desenvolvido pelo Instituto AzMina, InternetLab, Núcleo Jornalismo e Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia.

Mais de 5 mil comentários em debates políticos transmitidos online contra 37 candidatas em 25 cidades brasileiras foram identificados. A pesquisa, realizada entre agosto e setembro de 2024, analisou transmissões de YouTube em diferentes regiões do país.

O Sudeste concentrou a maior parte dos comentários (48,3%), seguido por Nordeste (28,94%), Sul (20,07%) e Centro-Oeste (2,69%). Essa distribuição, no entanto, não reflete diretamente a intensidade da violência verbal, já que um mesmo usuário pode realizar múltiplos ataques em um único comentário.

Segundo o instituto, na região Norte há uma ausência de dados, evidenciando a presença dos “desertos de notícias” – áreas onde a cobertura jornalística é inexistente ou, em casos menos extremos, onde apenas um ou dois veículos estão presentes. Nos locais onde a reportagem conseguiu identificar a transmissão de debates ou sabatinas, a participação do público nos comentários foi escassa.

A pesquisa identificou Santos (SP) como a cidade com o maior volume de comentários potencialmente ofensivos, seguida por Assú (RN), Piracicaba (SP), Olinda (PE), São João de Meriti (RJ), Santo André (SP) e Santa Cruz do Capibaribe (PE). 

Juntas, essas cidades concentraram mais de 30% dos comentários analisados. As palavras que mais apareceram eram com viés de inferiorização, como “vergonha”, “piada” e “lixo”. Além disso, a maior parte das candidatas atacadas verbalmente são de esquerda.

A violência política de gênero também reflete no ambiente físico. Na madrugada desta sexta-feira (4), por exemplo, a vereadora Tainá de Paula (PT), do Rio de Janeiro, foi alvo de um atentado a tiros em Vila Isabel, bairro na Zona Norte da capital fluminense. Ela estava retornando de um compromisso na Zona Oeste e pararia em Vila Isabel para a última agenda. No deslocamento, dois homens armados se aproximaram do carro da vereadora e sua equipe e abriram fogo com pistolas contra o veículo.

As candidatas à Câmara e à prefeitura que sofreram ataques misóginos e machistas, identificadas pela pesquisa, foram:

Ceará (Cascavel e Caucaia)

  • Ana Afif Queiroz (PP-CE)
  • Paulinha Dantas (PODE-CE)
  • Emilia Pessoa (PSDB-CE)

Goiás (Jataí)

  • Soraia Rodrigues Chaves (PT-GO)

Pernambuco (Olinda, Jabotão dos Guararapes e Santa Cruz do Capibaribe)

  • Izabel Urquiza de Olinda (PL-PE)
  • Mirella (PSD-PE)
  • Alessandra Vieira (PL-PE)
  • Clarissa Tércio (PP-PE)

Rio de Janeiro (Niterói, São João de Meriti e São Gonçalo)

  • Taliria Petrone (PSOL-RJ)
  • Alessandra Marques (PCO-RJ)
  • Danielle Bornia (PSTU-RJ)
  • Juliana Drummond (PSOL-RJ)
  • Jacqueline Pedroza (Novo-RJ)
  • Viviane Carvalho (Mobiliza-RJ)

São Paulo (Santos, Ilhabela, Jaboticabaí, Marília, Piracicaba, Santo André e São Joaõ da Boa Vista)

  • Telma Souza (PT-SP)
  • Rosana Valle (PL-SP)
  • Adriana Hori (PSD-SP)
  • Profa. Bebel (PT-SP)
  • Clenilza (PCO-SP)
  • Bete Siraque (PT-SP)
  • Teresinha (PL-SP)
  • Lilian Miranda (PCO-SP)
  • Nayara Mazini (PSOL-SP)
  • Diana Almeida (PODE-SP)
  • Enfermeira Juliana (UNIÃO-SP)

Paraná (Londrina e Toledo)

  • Isabel Diniz (PT-PR)
  • Profa. Maria Tereza (PP-PR)
  • Profa. Nelsi Welter (PT-PR)

Rio Grande do Norte (Assú)

  • Dra. Vanessa (UNIÃO-RN)

Santa Catarina (Blumenau, Penha e Barra Velha)

  • Ana Paula Lima (PT)
  • Rosane (PSOL)
  • Janete Krueger (PSB-SC)
  • Profa.Juraci (MDB-SC)
  • Profa. Betinha Tamanini (PT-SC)

Rio Grande do Sul (Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul)

  • Dra. Imília de Souza (PL-RS)
  • Tânia da Silva (MDB-RS)

Envie seu Comentário

comments