NA RUA, NA PRAÇA E NA ESQUINA: O FREVO DA BAILARINA
Por: Altair Santos (Tatá)
Antes mesmo dos clarins do reinado de momo por aqui ecoarem aos tímpanos, bulindo com a quietude das esquinas, revirando avenidas, sacudindo becos e vielas, bem como, antes também dos confetes revoarem os espaços momescos, o Bloco Pirarucu do Madeira sopra fazendo ecoar longe os metais frevistas da cidade e dá o tom da coisa, sinalizando e chamando os inarredáveis foliões da pátria Zé Pereira.
O mote do carnaval desse ano de 2025, a ser ressaltado pelo bloco, atende pelo nome cidadão de Elielza “Bailarina” Ramos Freire (a popular Bailarina da Praça), a qual é uma forte, incansável, imparável e resistente da sua arte de ser e viver, uma verdadeira e autentica representante e consanguínea da alegria, do improviso solto e da folia liberta de nossa cidade.
A direção do Bloco Pirarucu do Madeira vêm encampando esses ressaltes, tendo a cultura popular como expressão de justo reconhecimento a quem sobrevive e resiste às intempéries do descaso, enraizados nas nocivas atitudes, conceitos e preconceitos ainda mui presentes e igualmente vivos ao vesgo mirar social. Nesse ano o Pirarucu vem propondo vestir-se, cantar e dançar, desfilando a alegria e a irreverência cidadã livre e solta que existe, vive e mora na Bailarina.
Na pluralidade de ser e estar, a Bailarina da Praça carrega consigo uma coleção de identidades cotidianas todas representativas da sua autenticidade plural, o que é atestado e reconhecido quando cá numa praça, lá numa esquina, ou acolá resistente no alto dum palco. Nesse mosaico a moça se nos dá nas facetas de atriz, dançarina, artesã, acolhedora de animais de rua e filantropa solidária, quando colhe donativos para causas humanitárias.
“E assim lá se vai ela
Vestindo tipos e modelitos
Do seu incontável varal Roupa do dia-a-dia
Figurino de carnaval… Lá vai ela
Enredada de si mesma
Piruetando e dizendo no pé
Ao som do frevo
Da Banda Puraqué
Então vai Bailarina
Vai de papai noel ou de bruxa
Princesa ou fada
Borboleta ou rainha
Vai sua danada
Sua traquina
Vai foliar e dançar Essa é a tua sina!”
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