Sarney sobreviverá à ‘Mãos Limpas’ à moda brasileira com as mãos limpas?

Sarney sobreviverá à ‘Mãos Limpas’ à moda brasileira com as mãos limpas?

sarney

Se está lendo esse texto, sabe que nenhuma confabulância política sigilenta ocorreu no Brasil sem a participação ativa do mais prá cá do que prá lá, ex-presidente José Sarney.

Aos 86 anos ele demonstra vigor intelectual e uma espécie de pelanca divina que o protege de qualquer ameaça, como Giulio Andreotti, o ‘belzebu’ da política italiana, que morreu aos 94 anos, após escapar impune na Operação Mãos Limpas que implodiu partidos, políticos e empresários envolvidos em denúncias de corrupção.

Todos aos lados, na frente e atrás do italiano tombaram, provando a célebre frase do sobrevivente: “O poder desgasta quem não o tem”.

Giulio, conhecido também como ‘o inoxidável’, era incomparável na habilidade política com a qual sobreviveu a todo tipo de escândalo durante 60 anos. Foi sete vezes primeiro-ministro e 20 vezes ministro, cargos em que recebeu vários apelidos carinhosos como ‘o equilibrista’ e ‘o divino’.

De acusações como o sequestro e morte de Aldo Moro e de cumplicidade com a Cosa Nostra, Giulio saiu sem arranhões morais e sequer constrangimento com o Vaticano, pois além de católico fervoroso, tinha com a Santa Sé uma relação muito harmoniosa.

Foi enterrado com pompa, multidão e cumpriu a promessa que tanto divulgou na imprensa: “Conheço alguns segredos de Estado, mas os levarei ao paraíso. Nunca gostei da política do espetáculo”.
Tirando as acusações de assassinato e relações com a máfia que pesaram contra Giulio, dá pra traçar um paralelo entre a vida dele e a de Sarney.

Eles sobreviveram a todos os maus presságios lançados na política, como o Faraó às pragas de rãs, moscas, piolhos, úlceras, pestes de animais, gafanhotos, trevas por três dias, enfim, inabaláveis impondo suas Leis.
Giulio não foi pego na Operação Mãos Limpas que o juiz Sérgio Moro utiliza como modelo à Operação Lava Jato, na qual Sarney apareceu em diálogos gravados sem autorização, como articulador dedicado a proteger investigados.
“Nas conversas, Sarney prometeu a Sérgio Machado que poderia ajudá-lo a evitar que seu caso fosse transferido para a vara do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba (PR), mas “sem meter advogado no meio”.

Neste episódio vergonhoso de reinvenção do golpe, sob o molde parlamentar-midiático-judicial, com a participação dos mandatários de sempre, o filho do ‘Sir. Ney’ cumpre o papel de sempre, de um poderoso oligarca.

O que o jornal do Vaticano, o L’Osservatore Romano escreveu sobre a vida de Giulio cairia perfeitamente à lápide de Sarney: “Sobrevoou com invejável leveza a longa resenha dos anos passados”.

Envie seu Comentário

comments