Da série: Crônicas do TRE-RO

Da série: Crônicas do TRE-RO

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Põe aí: pistoleiro matador

O atendimento ao eleitor é a melhor parte de todo dia a dia em cartório. Uma vez chegou um senhor no meu guichê para ser atendido.

Era bem alto, usava chapéu, parecia um peão boiadeiro. Peguei os documentos e fui preenchendo os dados. Quando chegou no campo ‘profissão’ eu lhe perguntei e ele me disse que era pistoleiro.

Fiquei meio sem entender e com medo de perguntar novamente. Talvez eu tivesse escutado mal.

Mas eu tinha que esclarecer: “como assim, senhor? Sua profissão, qual é mesmo?”. E ele repetiu: “Pistoleiro, já disse! Põe aí: pistoleiro matador”, ele completou.

Aí eu inventei de dizer que não havia esta profissão cadastrada, ele quis saber por que não.

Eu tentei explicar, já morrendo de medo, que essa não era uma profissão reconhecida e perguntei se podia colocar lavrador ou vaqueiro…, que eram profissões bem comuns naquela localidade.

Ele questionou em tom de riso: “tu tá com medo de eu te matar, né?”.

Eu gelei! Pensei na hora: “Tonta mesmo! Mania de querer ser a ‘funcionária do mês’! Por que não coloquei logo ‘outros’? Teria escapado dessa…”

E ele continuou: “Você não precisa se preocupar, pois ninguém te encomendou pra mim não… e, além disso, você me atendeu muito bem. Coloca aí lavrador mesmo, pode ser”..

Eu fiquei em choque, parecendo cena de filme. Mais um pouco ele deixava até cartãozinho de visita pra contato.

Mary Aparecida Nunes

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