O deputado Marcos Rogério (DEM-RO) resolveu tomar as dores de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pedindo em voto separado que a denúncia por quebra de decoro contra o colega seja arquivada.
Marcos reconheceu que o colega foi “inapropriado e desrespeitoso” ao homenagear o torturador Carlos Alberto Bilhante Ustra ao votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas não vê quebra de decoro parlamentar.
“Quem decide o que é fala ofensiva incompatível com o decoro? Haverá um censurador geral da casa do povo? Daqui a pouco, criando esse precedente, quando alguém falar poderá ser objeto de representação. Não me parece razoável censurar uma expressão de opinião, muito menos um deputado protegido de imunidade parlamentar”, disse.
O que não parece nada razoável é a solidariedade do deputado Marcos Rogério com o colega que protagonizou dezenas de cenas nada exemplares que comprometem a imagem de todo o parlamento. Tantas fez que virou réu no Supremo Tribunal Federal por apologia ao estupro e injúria.
Detalhe: Jair Bolsonaro repetiu em sessão do Conselho de Ética da Câmara que o coronel Ustra é um “herói brasileiro”, o sujeito abominável que morreu em 2015, mas foi reconhecido na primeira instância da Justiça como torturador no período da ditadura militar (1964-1985).
Pra que serve o decoro parlamentar, senão para impedir condutas incompatíveis com a função legislativa?
Não foi nada razoável, embora tenha sido aplaudido, o choro de Marcos Rogério, quando leu o relatório que pedia a cassação de Eduardo Cunha, também por quebra de decoro ao mentir que não possuía contas na Suíça.
Na ocasião ele disse que não foi fácil e nem prazeroso investigar Cunha, quando na verdade o povo esperava que ele chorasse de alegria por ajudar a desvendar a participação do colega no esquema criminoso montado para sangrar a Petrobras.
Não foi nada razoável o choro por Cunha e muito menos é, o voto em separado para arquivar a denúncia contra Bolsonaro.
É inapropriado e desrespeitoso.