Estão sacrificando vida pelo povo, diz presidente da CNBB no 8º dia da greve de fome

Estão sacrificando vida pelo povo, diz presidente da CNBB no 8º dia da greve de fome

fome1

Militantes tiveram apoio de Dom Sergio e da deputada Erundina; iniciativas semelhantes de protesto se espalham pelo país

Cristiane Sampaio
Brasil de Fato | Brasília (DF)

Os sete militantes que fazem greve de fome em Brasília contra a reforma da Previdência entraram no oitavo dia de protesto nesta terça-feira (12). Eles estão se mantendo à base de soro e água e continuam recebendo apoio político, tanto de parlamentares quanto de outros segmentos da sociedade.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sergio da Rocha, esteve na Câmara Federal nesta terça para prestar solidariedade aos militantes.

“Manifestações pacíficas na busca da justiça e da paz são muito importantes. A própria CNBB tem valorizado os gestos e mobilizações da população brasileira. É claro que nós queremos a vida desses irmãos que estão em greve de fome, mas eles estão oferecendo esse sacrifício pra que o nosso povo — sobretudo os mais pobres, os mais fragilizados — tenha vida, tenha os seus direitos”, disse o religioso.

Também nesta terça (12), os grevistas receberam o apoio de atores do Grupo de Teatro Político e Vídeo Popular de Brasília, que fizeram uma intervenção artística na Câmara contra a reforma.

Quatro dos grevistas são do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e duas são do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). A maior preocupação do grupo, que iniciou a greve de fome na terça-feira (5), é o impacto que a reforma pode ter na vida dos trabalhadores rurais. Segundo projeções dos movimentos populares, mais de 70% do segmento pode ficar de fora da cobertura previdenciária caso o texto seja aprovado.

A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) foi uma das pessoas que estiveram junto ao grupo nesta terça para demonstrar apoio. Filha de camponeses sem terra, ela destacou que o protesto dos grevistas é uma atitude de solidariedade ao conjunto da população.

“Esse gesto de coragem, sem dúvida nenhuma, representa uma contribuição inestimável pra formar a consciência de quem não está aqui. Isso exerce pressão sobre os parlamentares, sobretudo aqueles que ainda não se definiram”, completou.

A iniciativa dos grevistas contagiou outras pessoas pelo país. Nesta quarta-feira (13), mais dez trabalhadores urbanos e camponeses do Rio Grande do Sul darão início a um jejum contra a reforma da Previdência. O estado já tem outros quatro manifestantes em greve de fome. Em Sergipe, também há quatro grevistas.

Bruno Pilon, dirigente do MPA e um dos porta-vozes dos grevistas de Brasília, disse ao Brasil de Fato que a adesão de outros manifestantes demonstra que a luta contra a reforma se trata de uma ação conjunta.

“A gente não pode dizer que está contente com isso porque a gente não gostaria de estar fazendo isso. Num momento normal, a gente gostaria de estar estudando, debatendo agroecologia, organizando a produção, mas, pra proteger uma conquista nossa, temos que fazer com que bravos companheiros e companheiras coloquem sua vida em jogo”, declarou.

O presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também esteve no local onde estão os manifestantes. Ele ressaltou o apoio à reforma, mas não especificou se vai colocar o texto em votação no plenário. A matéria tramita na Casa desde o ano passado.

Edição: Vanessa Martina Silva

Envie seu Comentário

comments