Doria tem mais da metade das promessas travadas em 2017, diz Folha

Doria tem mais da metade das promessas travadas em 2017, diz Folha

doria

No DCM – O jornal Folha de S.Paulo fez um balanço das promessas e das práticas do prefeito João Doria Jr. na prefeitura paulistana. A reportagem é assinada por Artur Rodrigues, Fabrício Lobel, Giba Bergamim Jr. e Mariana Zylberkan na publicação.

Se a promessa do prefeito João Doria (PSDB) de aumentar a velocidade nas marginais de São Paulo foi cumprida logo nos primeiros dias do mandato, a ideia de construir na cidade uma espécie de “protestódromo” sumiu.

O fim de uma fila de exames represados havia anos na rede municipal de saúde também se concretizou. Já a intenção de acabar com as pichações teve até um impacto inicial, quando foi criada uma multa para infratores, mas basta olhar para prédios e muros da capital paulista para constatar que as inscrições continuam se proliferando.

As medidas descritas acima são parte das 118 promessas feitas pelo tucano durante a campanha eleitoral de 2016, quando ele superou seus adversários no primeiro turno, e no período de transição.

Passado um ano da gestão, no entanto, mais da metade do que foi anunciado como plano pelo prefeito está longe de sua implementação.

Essa é a constatação da Folha com base em levantamento que identificou a situação de cada um dos compromissos assumidos. Dentro desse total, 11 (9%) foram concluídos, outros 45 (38%) estão em andamento, 29 (25%) em ritmo lento de implementação e 33 parados (28%).

As promessas de Doria foram tabuladas pela reportagem e estão na página do jornal na internet desde 1º de janeiro, com detalhes da situação de cada uma delas.

(…)

Outra promessa em andamento é a desocupação de prédios invadidos. Para cumpri-la, a prefeitura diz ter criado um núcleo de mediação de conflitos que atendeu 8.500 famílias, com aquisição de áreas ou desocupação voluntária de imóveis, além de dar andamento ao programa de locação social.

(…)

Doria finaliza o primeiro dos quatro anos de mandato com aumento em sua reprovação. Apesar de dar agilidade a alguns projetos, como o que reduziu a burocracia para abrir empresas, o prefeito enfrenta insatisfação inclusive com uma de suas bandeiras políticas: a zeladoria.

Áreas vistoriadas e “ajeitadas” por Doria no início da gestão, alvo de propaganda do programa Cidade Linda, voltaram a ficar deterioradas.

No caso das promessas de concessões e privatizações, uma parte está em andamento (como Mercadão, parques e Pacaembu ), e outra, emperrada (como Anhembi, Interlagos e serviço funerário). A venda de bens públicos é uma das grandes apostas do tucano, que, em meio à crise econômica, pretende investir o dinheiro principalmente nas áreas de saúde e educação.

Segundo pesquisa Datafolha de novembro, 39% consideram a gestão tucana ruim ou péssima -o mesmo índice de desaprovação do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao final de seu primeiro ano no comando, em 2013. Doria tem ainda 29% de ótimo ou bom e 31% de regular.

Em relação ao início do ano, sua aprovação caiu 15 pontos percentuais (44% para 29%), enquanto a reprovação nesse mesmo período subiu 26 pontos (13% para 39%).

Desde janeiro, quando Doria vivia uma espécie de lua de mel com o eleitor, problemas cotidianos seguiram aparentes, como buracos nas ruas e semáforos apagados.

(…)

O desgaste de Doria se acentuou após as viagens pelo país no decorrer do ano, quando era apontado como potencial candidato à Presidência, colocando-se em uma delicada situação de disputa interna no PSDB com seu padrinho político, o governador paulista, Geraldo Alckmin.

Em outubro, 49% dos moradores de São Paulo diziam que essas viagens do prefeito pelo país traziam mais prejuízos do que benefícios à cidade (35% aprovavam a iniciativa), conforme pesquisa do Datafolha na época.

Para sair do atoleiro da popularidade, Doria contará em 2018 com um orçamento ampliado para investimentos (cerca de R$ 5 bilhões), mas deixa ainda no ar a incerteza sobre sua permanência no cargo. Cotado para a disputa do governo de SP, terá de decidir até o início de abril se permanecerá na prefeitura até 2020.

(…)

O prefeito João Doria (PSDB) diz que quase todas as promessas para sua gestão estão em andamento.

(…)

Ao fim de cerca de 30 minutos, ele discordou do índice de aproveitamento apresentado pela reportagem. Enquanto a Folha contabiliza 33 promessas paradas, o prefeito afirma que são 18. “De 118 compromissos, 100 ou foram integralmente cumpridos ou estão sendo cumpridos. Eu tenho checado isso toda semana”, diz.

(…)

Algumas das promessas foram retiradas do cronograma, como a criação de um “protestódromo” ou a faixa exclusiva para motocicletas, mas Doria defende as mudanças. “Não temos compromisso com o erro. Nosso compromisso é com o acerto. O que puder ser melhor, vamos fazer”.

Envie seu Comentário

comments