O realismo fantástico que a mídia estimula para criar um herói na Copa

O realismo fantástico que a mídia estimula para criar um herói na Copa

macuuna

O primeiro jogo do Brasil na Copa é o assunto mais importante nas redes sociais.
A arbitragem desonesta e a ausência de brilho da estrela mais valiosa da seleção brasileira resumem as discussões.
Na pulseirinha de crochê e na maquiagem em verde e amarelo na mocinha à minha frente, amplio o foco para entender o que realmente o brasileiro espera a cada mundial.

O nome de Neymar na maioria das camisas de torcidas, revela que não é a excelência da arte do futebol brasileiro e menos ainda o que o jogador pode inspirar como exemplo de cidadão e ser humano. Perdi as contas de memes ridicularizando o cabelo loiro que o jogador que é negro resolveu usar. A que serve tal crítica, não faço a menor ideia. É só o cabelo que ele quis usar nesta Copa. Outra grande estrela, Ronaldo, chamado Fenomeno’, já moldou um triângulo na careca.

O que me espanta é a vontade do povo e o esforço da mídia para construir um herói, mesmo que seu caráter seja menos importante que seu cabelo.

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Nosso ‘herói’ se envolveu em um monumental caso de sonegação de impostos? E daí? Que se dane!
Neymar é bom de bola, só isso.
Mas, no futebol, no universo artístico, na política, o Brasil está repleto de realismo fantástico e heróis sem caráter, como Macunaíma, do Mário de Andrade.

Não importa o que façam (ou não façam), são adorados.
“Fiquei branco, fiquei lindo!”, é o que diz o personagem fantástico ao tomar banho de água da brancura, que muda sua cor da pele e cabelos, mas não seu caráter.

Essa não é uma crítica ao Neymar, mas a todos que sonham com um herói nos campos, nos palcos e nos palanques.
Não é contra quem é lançado ao realismo fantástico com um empurrão da grande mídia, mas contra quem se lança.

No futebol, na arte ou na política.

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