Sobre o congresso realizado pela União dos Militares Evangélicos de Rondônia (UMERON) no Comando-Geral da PM

Sobre o congresso realizado pela União dos Militares Evangélicos de Rondônia (UMERON) no Comando-Geral da PM

01) Nada contra a procissão de fé em si, muito pelo contrário. Embora eu seja um ateu não-militante, ou seja, pouco me importa a discussão sobre a existência ou não de Deus, essas manifestações em locais apropriados são asseguradas e protegidas pela Carta Magna, logo, honestamente, qualquer pessoa que se poste como intransigente defensora do legítimo Estado Democrático de Direito precisa zelar inclusive pelos direitos alheios ao seu próprio rol de interesses;

02) Entretanto, ainda que no Brasil a ideia de Estado laico seja reiteradamente deturpada com a exposição de símbolos religiosos unilaterais observada em praticamente todas as repartições, incluindo aí as do Poder Judiciário, não se pode conceber de forma passiva a possibilidade de um único segmento municiar-se das instalações públicas enquanto os demais elos do nosso vasto e pluralíssimo leque de fé são ignorados;

03) Se existissem, por exemplo, a Ordem dos Militares Umbandistas de Rondônia (ORMURO) ou mesmo a Congregação Castrense Aleister Crowley dos Satanistas de Rondônia (COCASARO), seria o solícito governador Daniel Pereira (PSB) tão complacente a ponto de dar o mesmo aval concedido à UMERON assinalando positivamente aos ofícios encaminhados pelas entidades fictícias?;

04) Tomando como paralelo o projeto Escola Sem Partido, sem fazer juízo de valor, será que os autoproclamados conservadores estariam dispostos a propor também o Polícia Militar sem Religião a fim de evitar doutrinação neopentecostal nas fileiras? Fica o questionamento;

05) Por fim, mas não menos importante, é imprescindível regressarmos o quanto antes às mesas de discussões sadias, honestas, sem que haja necessidade de “mitar”, “lacrar”, ou dar “invertidas estonteantes”, como queiram.

Vinicius Canova
Jornalista

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