Igualdade de gênero no trabalho levará mais de 200 anos, diz estudo

Igualdade de gênero no trabalho levará mais de 200 anos, diz estudo

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Fórum Econômico Mundial alerta para declínio de participação feminina na política e acesso desigual à saúde e à educação. Brasil registra em 2018 retrocesso significativo.

Na Deutsche Welle

A igualdade de gênero em locais de trabalho em todo o mundo levará séculos para ser alcançada, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgado nesta terça-feira (18/12). O texto alerta também para o declínio da participação feminina na política, além do acesso desigual à saúde e à educação.

O relatório estima que a lacuna global entre os gêneros em várias áreas não se fechará por mais 108 anos e que serão necessários mais de 200 anos para eliminar as diferenças no local de trabalho.
Segundo o estudo, houve algumas melhorias na equiparação salarial em 2018 em comparação com 2017, mas este progresso foi compensado pelo declínio da representação das mulheres na política, acoplado com uma maior desigualdade no acesso aos serviços de saúde e educação.

“O quadro geral é que a igualdade de gênero estagnou”, diz Saadia Zahidi, chefe de agendas sociais e econômicas do Fórum Econômico Mundial. “O futuro do nosso mercado de trabalho pode não ser tão igualitário quanto à trajetória em que pensávamos estar.”

Os países nórdicos lideram o ranking. A sociedade com mais igualdade de gênero do mundo é a da Islândia, seguida por Noruega, Suécia e Finlândia. Do outro lado, Síria, Iraque, Paquistão e o último colocado Iêmen mostraram as maiores discrepâncias gerais de gênero.
Entre as 20 principais economias do mundo, a França obteve o melhor resultado e ocupou a 12ª colocação geral, seguida por Alemanha (14ª), Reino Unido (15ª), Canadá (16ª) e África do Sul (19ª). Os EUA caíram para a 51ª posição geral, com o FEM dando destaque a uma recente queda na paridade de gênero em cargos de nível ministerial.
O Brasil ocupou a 95ª colocação, abaixo de Senegal e Camboja e acima de Libéria e Azerbaijão. Na América Latina, o Brasil ficou à frente somente de Paraguai, Guatemala e Belize. Segundo o relatório, o Brasil notou em 2018 uma reversão significativa no progresso em direção à igualdade de gênero – com a maior lacuna registrada desde 2011, em grande parte devido às subcategorias de participação econômica e de oportunidade. Por outro lado, o estudo não menciona desigualdades nas categorias de saúde e educação.
O FEM utilizou dados de instituições como a Organização Internacional do Trabalho, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização Mundial da Saúde. O relatório conclui que nenhum país ainda eliminou a diferença salarial: a média global é de 51% de diferença salarial.
Após anos de avanços em educação, saúde e representação política, as mulheres sofreram recuos nas três áreas neste ano. O único setor de melhoria foi registrado no de oportunidade econômica. Além disso, o FEM destaca que o número de mulheres em cargos de liderança subiu 34% em todo o mundo.

Em 2018, menos mulheres trabalhavam do que homens, e a principal razão para a discrepância foi a falta de opções de cuidados infantis. Isso mantém as mulheres longe de empregos ou de avançar para funções de liderança, de acordo com o estudo.

“A maioria das economias ainda não avançou muito no fornecimento de melhor infraestrutura para a assistência infantil”, diz Zahidi. “Isso continua sendo uma grande razão por que as mulheres não entram no mercado de trabalho ou não conseguem progredir tanto quanto deveriam ou poderiam.”
O ano de 2017 registrou apenas 17 mulheres chefes de Estado ou de governo. Apenas 18% dos cargos ministeriais e 24% dos cargos parlamentares no mundo estavam ocupadas por mulheres.

Outro fator importante que tem mantido as mulheres fora do mercado de trabalho seria a automação, segundo o estudo. O FEM sugere que nos trabalhos tradicionalmente realizados por mulheres, como administração, atendimento ao cliente e telemarketing, a automação tem tido um impacto desproporcional.

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