Professora que faz campanha por exoneração de reitor foi demitida por conduta imprópria

Professora que faz campanha por exoneração de reitor foi demitida por conduta imprópria

CAPA

Victória se disse vítima de discriminação, mas Sindicância provou o contrário

No capítulo de abertura desta série de reportagens sobre o comportamento de Victória Bacon, a líder de um levante moralista contra o reitor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Ari Ott, o Blog da Luciana Oliveira apresentou desde o início a conclusão dos fatos.

A professora foi demitida do Estado em 2009 após passar por Sindicância Administrativa cujo resultado fora convalidado tanto pelo Ministério Público (MP/RO) quanto através do Tribunal de Justiça (TJ/RO).

Na segunda parte, a reportagem expõe detalhes sobre depoimentos de alunos e servidores de escolas por onde a jornalista passou à ocasião da docência temporária. Descreve, ainda, como Victória Bacon tentou minar as declarações negativas se portando como vítima de discriminação, versão rechaçada em todas as etapas, da investigação administrativa ao acórdão unânime.

Vale ressaltar que em seu perfil no Facebook, se declara contra cotas para transgêneros em universidades públicas.

“Transexuais são de uma casta superior? Como querem inclusão e valores iguais para todos se ficam fazendo concessões especiais, como este estapafúrdio vestibular?” (Rondoniaovivo)

Bolsonarista que comemora com frequência a popularidade do presidente nas redes sociais, Victória não se incomoda com as declarações homofóbicas de Jair Bolsonaro.

Nunca na história deste país, um presidente estimulou tanta discriminação à comunidade LGBT.

O objetivo desta reportagem é demonstrar que não cabe indignação à Victoria Bacon por conta das falas do reitor em tom jocoso. Muito menos, campanha para que seja exonerado.

É também para que a luta contra a discriminação por orientação sexual não seja confundida e prejudique quem de fato sofre com a intolerância e o preconceito, compromisso inarredável deste blog.

As justificativas de Victória Bacon de que sofria discriminação foram fulminadas durante as investigações desencadeadas no âmbito da Sindicância Administrativa.

Ela tentou – inclusive via imprensa – pulverizar a versão do preconceito; tecnicamente, a defesa tinha a nítida intenção de minar a credibilidade do processo a fim de chamar a atenção de órgãos como o próprio Ministério Público Federal (MPF/RO) e também blindá-la ante a opinião pública.

Ao depor na Comissão de Sindicância, disse que de apenas uma turma de alunos teve queixas sobre seu comportamento, que um pequeno grupo fazia de tudo para influenciar os demais, o que afetava cerca de 30%.

“Que esclarece que desde o primeiro momento que apresentou-se naquela escola, considerando que sentiu que havia discriminação e preconceito em razão de sua pessoa”.

Ocorre que ao final das investigações restou comprovado que o ato de exibir a genitália e “gesticular com conotação sexual” era queixa de alunos de várias escolas.

MIOLO-CONCLUSION

Como a íntegra do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) jamais fora divulgado ou acessado por quem quer que seja, a versão de Victória sobre perseguição, conluio e homofobia remanesceu até agora. Mas só até agora.

Como dito na primeira parte da série de reportagens acerca dos ataques ao reitor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), o médico Ari Ott, o Blog da Luciana teve acesso exclusivo a 13 documentos extensos anexados aos autos nº 0000716-92.2010.822.0000.

A farta documentação obtida demonstra que a líder da cruzada moralista intentada, na prática, contraria tudo o que prega.

CITAÇÕES REVELAM COMPORTAMENTO OBSCENO DE VICTÓRIA BACON

MIOLO-DEPOIMENTOS

DEPO02-ALUNOVIC

01) Sexo ativo e passivo: uma aula sobre Newton

Victória Bacon teve de se explicar sobre diálogo de cunho sexual mantido “constantemente” com um único aluno. Ela explicava a ele as diferenças entre ser passivo ou ativo.

Quando prestou depoimento à comissão responsável pelo Processo Administrativo Disciplinar (PAD), alegou que ocorreu uma única vez durante uma aula em que explicava sobre as leis de Newton, falando sobre os princípios da inércia e da ação e reação.

02) A fechadura

Um aluno de uma escola estadual, onde Vitória Bacon também lecionou, prestou depoimento no PAD em que a professora fora investigada. Ele relatou que, certa vez, Bacon parou diante de uma porta sem maçaneta e disse para os alunos que iria ensiná-los a meter “o dedo no buraco”.

03) “Eu não posso ficar sem chupar”

A frase que dá título a este tópico foi reproduzida pelo mesmo aluno que contou a os fatos sobre o buraco da fechadura. Ele disse que, antes disso, Victória praticava atos que deixavam os alunos constrangidos.

Em uma das aulas, a professora teria dito:

“Eu não posso ficar sem chupar”, e pediu para um dos alunos buscar um sorvete. Ainda de acordo com o documento, quando Victória pegou o sorvete começou a chupá-lo “de forma erótica e com gestos obscenos”.

04) Pernas abertas e testículos à mostra

Também é mencionado que Victória Bacon se mexia na cadeira para arrumar seu vestido. Mas, quando se sentava de frente para os alunos, mantinha as pernas abertas. Os alunos mais adiante não conseguiam escapar da visão e acabavam vendo os “testículos da professora Victória”.

05) O parecer do procurador de Justiça

PARECER

O parecer é bem respaldado juridicamente. Mas o que chama a atenção de forma mais contundente é o questionamento final apresentado pelo procurador de Justiça Júlio César do Amaral Thomé.

“O que será que acrescenta à vida de alunos a conduta de um profissional que vai à sala de aula sem calcinha e deixa a genitália à mostra a toda a classe?”.

Por fim, é preciso repetir que a decisão da Sindicância Administrativa foi reafirmada em parecer de lavra do Ministério Público (MP/RO) e, por fim, em acórdão unânime proferido no dia 1º de junho de 2010 pela 2ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça (TJ/RO) com base no voto do desembargador Renato Martins Mimessi.

ACORDAO

Victória segue em campanha para que o reitor seja exonerado.

No Facebook, anunciou o encaminhamento do que chama de “pedido de punição”, sem dizer por qual crime.

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Até o momento, o reitor não foi tema do programa Domingo Espetacular, na Record, como propagandeado há duas semanas.

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