Na nossa cara

Na nossa cara

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Texto de Malu Aires – Por 20 dias, todos guardaram o segredo do porteiro.
Dias Toffoli seguia sua rotina de manter Lula preso.
Aras, ninguém nem achava que ele já estivesse em atividades na PGR.

De 09 a 29 de outubro, todos já sabiam, com exclusividade, que o porteiro do condomínio tinha afirmado que, no dia do crime, um dos assassinos entrou no condomínio do então deputado federal, se passando por visita de Bolsonaro.

Quando a polícia civil pegou o depoimento do porteiro pela segunda vez, o MP-RJ fez duas ações importantes: contou pra Witzel o que estava acontecendo e mandou parar as investigações, alegando foro federal.

Foram à Brasília. Sentaram com Aras e Toffoli. Os policiais pediram permissão para manterem as investigações no Rio e, o não pronunciamento de Toffoli, por 20 dias, foi o suficiente para acionar Bolsonaro, o síndico do condomínio, dar aos suspeitos, os registros de áudio, vídeo e livros de visitas da portaria… Por 20 dias, todos os envolvidos e interessados na morte de Marielle, tiveram tempo suficiente para elaborarem grande plano de fuga pela tangente.

Bolsonaro deixou o óleo derramando no nordeste e pegou sua comitiva dos mais encrencados com a justiça, entre eles seu fiel escudeiro fraudador do INSS, Helio Negão e partiu dar volta na Ásia e Oriente, sem agenda oficial.
Enquanto passeava pela Muralha da China, Aras e Toffoli, MP-RJ e governador do Rio, davam “um jeito” de manterem tudo em sigilo.

A Globo vaza o depoimento do porteiro. Sem nenhum compromisso social com nada, coloca um cidadão comum, sozinho, de frente com a mais organizada quadrilha, agora, internacional.
Bolsonaro se desespera (porque quem não deve, não teme) e acaba se enrolando numa live pra lá de suspeita.
Aciona Moro, Aras, Witzel, MP-RJ… Todos correm atrás do vazamento, antes que vire desastre ambiental.
Bolsonaro, ainda enrolado, acaba confessando que Witzel lhe passou o andamento do processo em segredo de justiça, no dia que o porteiro confirmou o depoimento pra polícia civil (9 out).

Carlos também se desespera e tenta provar que nem estava em casa, no dia do crime. Se enrola também, com documentos e aquivos em segredo de justiça, que já estavam em suas mãos, antes que estes chegassem à polícia e ao MP-RJ.
Witzel se desespera e desmente Bolsonaro. Diz que não passou nada sobre o caso Marielle pra Jair.
Moro se antecipa e, no início da manhã já dizia o que seria estampado nos jornais: “o porteiro mentiu e pronto”.

Deputados e senadores se reúnem e, numa coletiva pra imprensa, defendem que o processo não corra no Supremo. Há indícios mais que claros de corrupção de Moro, Aras e PF.
Mas o processo está nas mãos do Witzel/Bolsonaro/Carlos, no Rio.

A polícia civil não consegue avançar com tamanha máquina criminosa e parcial, contra ela.
A testemunha que ligaria os assassinos aos mandantes, encontrada e ouvida só há 20 dias, foi revelada pela Globo de noite e desmentida pelos suspeitos de dia.

Queiroz que via com inveja, Adélio Bispo ser blindado, viu Adriano foragido, Lessa ser preso, Élcio ser preso e viu sua família toda fora dos esquemas das rachadinhas.
Mesmo tendo fugido pra São Paulo com despesas milionárias pagas, se sentiu esquecido e, com isso, ameaçado. Tudo aponta que os áudios dele, que foram parar nas mãos da imprensa, foi momento de desespero de Queiroz.
Nos áudios ele fala de uma “pica do tamanho de um cometa” que arrombaria o clã.
O “segredo de justiça” que a Globo teve “com exclusividade”, Moro já tinha, Aras já tinha, Toffoli já tinha, Carlos Bolsonaro já tinha e até Queiroz.

Quem mandou matar Marielle, após 2018, tem o MP-RJ nas mãos, a GAECO-RJ nas mãos, a Globo nas mãos, a Record no bolso, a PGR, o presidente do STF, Moro, PF, o governador do Rio…

Mataram Marielle em março de 2018, depois a mataram de novo, com ataques fascistas nas eleições e com as fake news que ofendiam sua memória.
Hoje, os assassinos de Marielle a mataram pela 3ª vez.
Na nossa cara.

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