Vamos chamar de Antônio o
trabalhador demitido há menos de um mês após quase oito anos de serviço como
eletricista da Energisa.
‘Foi mandado embora’ no
momento em que o país enfrenta a pandemia de Covid-19 e o desemprego de dois
dígitos. No último acordo coletivo ficou acertado que só trabalhadores que
estejam a um ano ou menos do direito à aposentadoria não serão demitidos.
Da Nova Zelândia à Alemanha, Taiwan ou Noruega, alguns países liderados por mulheres estão vendo relativamente menos mortes pela covid-19.
Na BBC
E estas lideranças estão sendo elogiadas na mídia e nas redes sociais por suas atitudes, bem como pelas medidas que introduziram em face da atual crise global de saúde.
Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista Forbes as considerou “exemplos de verdadeira liderança”.
“As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana”, escreveu.
As mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo. Já no mundo político, em 2018, elas eram apenas dez dos 153 chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar.
Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.
Embora também haja outros fatores sociais e econômicos que favoreçam estes países no enfrentamento à pandemia, analistas acreditam que as trajetórias sociais das mulheres — e não qualquer condicionamento biológico — tornem sua conduta como líderes também diferentes. Entenda o porquê.
Resposta precoce
A primeiro-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, apostou logo cedo em testar massivamente sua população.
Apesar da pequena população, de 360 mil habitantes, a Islândia evitou a complacência: medidas contra a covid-19, como a proibição de reuniões de 20 pessoas ou mais, foram tomadas no final de janeiro, antes mesmo do registro do primeiro caso da doença.
Até 20 de abril, nove pessoas haviam morrido da infecção pelo novo coronavírus na Islândia.
Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas, na prática, funciona (ainda) como um país soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para rastrear infecções.
Taiwan também aumentou a produção de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras. Até agora, registrou apenas seis mortes entre seus 24 milhões de habitantes.
Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, adotou uma posição difícil diante da covid-19. Em vez de “achatar a curva” dos casos, como muitos países estavam buscando fazer, a abordagem de Ardern foi mais contundente, para eliminar a curva.
Mas, além de ter mulheres como líderes, esses países que estão respondendo melhor à crise têm outras coisas em comum. Todos são economias desenvolvidas, com um sistema de assistência social estabelecido e alta pontuação na maioria dos indicadores de desenvolvimento humano.
São países que também tendem a ter sistemas de saúde fortes, mais preparados para lidar com emergências.
Mas qual é a parcela do papel das lideranças mulheres no relativo sucesso destes países no combate ao coronavírus?
‘Tem tudo a ver com diversidade’
A maneira como essas líderes eleitas praticam política desempenha um papel, dizem analistas.
“Não acho que as mulheres tenham um estilo de liderança diferente do dos homens. Mas quando elas estão representadas em posições de liderança, isso traz diversidade à tomada de decisões”, diz Geeta Rao Gupta, diretora executiva do Programa 3D para Meninas e Mulheres e membro sênior da Fundação das Nações Unidas.
“Isso traz melhores decisões, porque você tem a visão tanto de homens quanto de mulheres”, disse ela à BBC.
É um contraste com a postura explosiva e a negação a fatos científicos adotadas por alguns de seus colegas do gênero masculino, como os presidentes dos EUA e Brasil, Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Rosie Campbell, diretora do Instituto Global para Liderança Feminina no King’s College London, concorda que “os estilos de liderança não são inerentes a homens e mulheres”.
“Mas, devido à forma como somos socializados, é mais aceitável que as mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas. E infelizmente há mais homens que se enquadram na categoria narcisista e hipercompetitiva”, diz Campbell.
Ela acredita que essa característica na liderança masculina “foi exacerbada pela tendência populista na política”.
A política ‘ultramacho’
Populistas apostam em “mensagens simplistas” para ter apoio, explica Campbell à BBC — e isso muitas vezes determinou a abordagem escolhida para gerenciar a pandemia.
Líderes políticos nos EUA, Brasil, Israel e Hungria, para citar alguns países, tentaram, em algumas ocasiões, colocar a culpa de seus problemas em causas externas — como apontar para estrangeiros “importando” a doença, como indicou Trump.
“Trump e Bolsonaro estão optando por assumir uma personalidade ultramacho. Não é codificado em sua biologia que eles tenham que se comportar assim, mas estão optando por fazê-lo”, diz Campbell.
“As mulheres são consideravelmente menos propensas a estar na direita radical populista. Existem algumas exceções notáveis, como Marine Le Pen [na França].”
“Mas, no geral, é algo associado a uma política muito individualista e machista.”
As respostas à crise da covid-19 foram obviamente diversas, em parte devido às realidades socioeconômicas de cada país e à disponibilidade de recursos — aspectos nos quais o gênero pode não ter influência.
Portanto, líderes homens que não se encaixam no estereótipo descrito por Campbell também estão vendo relativamente menos mortes em seus países.
Na Coreia do Sul, o tratamento da crise pelo presidente Moon Jae-in sustentou a vitória esmagadora de seu partido nas últimas eleições parlamentares, realizadas em 15 de abril.
O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, também tem recebido elogios por gerenciar com sucesso a crise e manter as taxas de mortalidade relativamente baixas — 114 óbitos até 20 de abril, para uma população de cerca de 11 milhões. Em comparação, a Itália, com uma população de 60 milhões, sofreu 22 mil mortes.
A Grécia está passando pela crise priorizando o aconselhamento científico e tendo adotado medidas precoces de distanciamento social — antes que suas primeiras mortes fossem registradas.
E, por outro lado, há países liderados por mulheres em situação delicada diante do avanço rápido do vírus.
Por exemplo, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, conseguiu liderar a contenção do surto em um dos países mais populosos do mundo. Mas há preocupações com a capacidade limitada de testagem, além de que os profissionais de saúde de Bangladesh denunciam cada vez mais estar em risco devido à falta de equipamentos de proteção individual.
Decisões difíceis
Para deter a covid-19, os líderes precisam tomar decisões difíceis, como bloquear atividades econômicas.
Mas essas escolhas têm um alto custo político no curto prazo, que é “o oposto do que os líderes populistas querem”, diz a professora Campbell.
Por outro lado, algumas líderes conquistaram a opinião pública ao falar de maneira aberta e transparente sobre os desafios que seus países enfrentam.
Angela Merkel, da Alemanha, anunciou rapidamente que a covid-19 era uma ameaça “muito séria”. Em números absolutos, seu país criou o maior esquema de testagem, rastreamento e isolamento da Europa. Mais de 4,6 mil pessoas morreram de covid-19 na Alemanha, que tem uma população de 83 milhões.
Na Noruega e na Dinamarca, as abordagens de suas primeiras-ministras as diferenciaram de alguns de seus colegas homens propensos a bravatas.
Tanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, quanto sua colega dinamarquesa, Mette Frederiksen, realizaram pronunciamentos específicos para crianças.
Jacinda Ardern, da Nova Zelândia, também tentou amenizar as preocupações dos pequenos sobre se a Páscoa, celebrada pelos cristãos este mês, seria interrompida por medidas de bloqueio. Ardern disse que o tradicional coelhinho da Páscoa era considerado um “trabalhador essencial” e teria permissão para entregar ovos de chocolate diretamente às casas.
Campbell analisa: “Falar sobre o coelhinho da Páscoa teria sido considerado ridículo para um líder de um país no passado. Mas ter mais mulheres na política está nos fazendo pensar mais sobre como a política afeta as crianças”.
Ao abordar diretamente as preocupações dos cidadãos mais novos, os líderes políticos estão reconhecendo que a pandemia global está afetando a saúde mental de todas as faixas etárias, diz Campbell.
‘Decisões melhores’
Geeta Rao Gupta, que também é presidente do conselho consultivo do WomenLift Health, um programa da Fundação Bill e Melinda Gates que visa aumentar a liderança feminina no setor de saúde, pede que mais mulheres sejam colocadas em posições de liderança.
Ela defende que isso melhoraria a tomada de decisões.
“Decisões relevantes seriam tomadas considerando mais segmentos da sociedade, não apenas alguns.”
“Porque, como mulheres, elas [líderes] experimentaram a vida em papéis e responsabilidades que são afetadas socialmente pelo gênero. Assim, suas perspectivas e decisões provavelmente serão afetadas por essas experiências”.
Gupta adverte sobre os possíveis diferentes impactos sociais e econômicos da covid-19 sobre homens e mulheres. A violência doméstica contra elas já tem aumentando em várias partes do mundo. Elas estão mais vulneráveis ao aumento da pobreza e pode haver uma reversão às tentativas recentes — e tímidas, em muitos casos — para diminuir a diferença salarial entre os gêneros.
“Estamos recuando”, diz ela. “A menos que a resposta à pandemia considere isso como fator (questões de gênero), haverá uma exacerbação dos problemas existentes.”
Da assessoria – Em expediente encaminhado à Controladoria-Geral do Estado (CGE-RO), o Tribunal de Contas (TCE-RO) alerta quanto à necessidade de que a administração estadual disponibilize, em tempo real, informações relacionadas a eventuais contratações diretas efetivadas em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) ou ainda do estado de calamidade pública (Decreto n. 24.887/2020), mantendo, portanto, o portal da transparência devidamente atualizado e adequado às exigências legais.
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