Para 64%, Bolsonaro sabia onde Fabrício Queiroz estava escondido, diz Datafolha

Para 64%, Bolsonaro sabia onde Fabrício Queiroz estava escondido, diz Datafolha

Para 64%, Bolsonaro sabia onde Queiroz estava escondido, diz ...

Essa é a opinião dos que tiveram conhecimento do caso de ex-assessor de Flávio

Igor Gielow, na FSP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia onde estava escondido Fabrício Queiroz, segundo a opinião de 64% dos brasileiros sobre a prisão do ex-assessor do clã presidencial, detido em Atibaia na quinta retrasada (18).

É o que mostra pesquisa do Datafolha —a margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos. Três quartos dos entrevistados pelo Datafolha afirmaram ter tido ciência do caso, 29% deles bem detalhadamente, 35% mais ou menos e 11%, mal.

O grau de familiaridade com a história cresce ainda mais entre os mais ricos (96% entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e 95% dos que têm renda maior que 10 mínimos) e instruídos (91% de quem fez curso superior).

A crença dos entrevistados é aferida depois de o próprio presidente Jair Bolsonaro ter afirmado, em uma live transmitida no dia da prisão, que sabia sobre procedimentos contra um câncer que Queiroz fazia na região.

Assim, só 21% acham que o presidente não sabia sobre o amigo, investigado no esquema das “rachadinhas” da Assembleia do Rio de Janeiro quando Flávio Bolsonaro era deputado estadual.

Conhecimento sobre a prisão de Fabrício Queiroz

Em %

Tomou conhecimento 75

Tem conhecimento e está bem informado 29

Tem conhecimento e está mais ou menos informado 35

Tem conhecimento e está mal informado 11

Não tomou conhecimento 25

Tomou conhecimento
91% entre quem ensino superior
95% entre funcionários públicos

Não tomou conhecimento
42% entre quem tem de 16 a 24 anos
34% entre donas de casa

Fonte: Pesquisa Datafolha realizada em 23 e 24 de junho, com 2.016 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos

O filho do presidente tinha Queiroz, próximo de Bolsonaro desde 1984, como assessor no seu gabinete. Já as “rachadinhas” eram desvios de salários de funcionários do gabinete, prática comum na Assembleia, segundo o Ministério Público.

Entre os que aprovam o governo, 45% acreditam que Bolsonaro não sabia do esconderijo de Queiroz.

Do total de entrevistados, 15% dizem não saber avaliar se o presidente sabia ou não.

Por outro lado, 46% dos 2.016 brasileiros ouvidos pelo Datafolha em 23 e 24 de junho não acreditam que o presidente esteja envolvido no caso das “rachadinhas”.

Para 38%, Bolsonaro estava envolvido e 16% não opinaram. Aqui, a fé dos bolsonaristas na inocência do presidente é maior: 80% deles acham que ele não está envolvido.

Os jovens são os mais céticos. Entre quem tem de 16 a 24 anos, 52% dos ouvidos acham que o presidente está envolvido no escândalo.

O caso Queiroz é um dos maiores incômodos políticos para Bolsonaro. O ex-assessor foi preso numa casa de Frederick Wassef, advogado do presidente e do hoje senador Flávio —a quem deixou de defender logo na sequência.

Uma das principais dores de cabeça do presidente Jair Bolsonaro desde a sua eleição, as suspeitas contra seu filho Flávio e seu amigo Fabrício Queiroz, ganharam um novo capítulo na semana passada.

A suspeita do Ministério Público é a de que Queiroz operava um esquema de “rachadinha” —em que funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários— no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.

Ainda não houve denúncia, e a suspeita é de interferência de Queiroz nas investigações da Promotoria, por isso a prisão preventiva. A mulher dele, Márcia Aguiar, que foi assessora de Flávio na Assembleia, também teve a prisão decretada —ela não foi encontrada em seu endereço e é considerada foragida.

Flávio é investigado desde janeiro de 2018 sob a suspeita de recolher parte do salário de seus subordinados na Assembleia do Rio de 2007 a 2018. Os crimes em apuração são peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.

A apuração relacionada ao senador Flávio Bolsonaro começou após relatório do antigo Coaf, hoje ligado ao Banco Central, indicar movimentação financeira atípica de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor e amigo do presidente Jair Bolsonaro.

Além do volume movimentado, de R$ 1,2 milhão em um ano, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Assembleia.

Queiroz afirmou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem conhecimento do então deputado estadual. A sua defesa, contudo, nunca apontou os beneficiários finais dos valores.

Jair Bolsonaro e Queiroz se conhecem desde 1984. Queiroz foi recruta do agora presidente na Brigada de Infantaria Paraquedista, do Exército. Depois, Bolsonaro seguiu a carreira política, e Queiroz entrou para a Polícia Militar do Rio de Janeiro, de onde já se aposentou.

Desde que o caso emergiu com força, incomodando de sobremaneira a ala militar do governo, Bolsonaro baixou sua visibilidade pública e tem tomado medidas para tentar apaziguar sua relação com outros Poderes.

Enviou emissários para falar com o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, titular de inquéritos que
atingem o bolsonarismo.

Nesta quinta (25), nomeou um técnico, o professor Carlos Decotelli, para o Ministério da Educação. Ele ocupará o lugar de um dos bolsonaristas radicais da Esplanada dos Ministérios, Abraham Weintraub, que foi para os EUA em polêmica viagem ainda como ministro, apesar de já fora do cargo na prática.

Os Bolsonaros sempre negaram saber de irregularidades atribuídas a Queiroz.

PESQUISA FOI FEITA POR TELEFONE PARA EVITAR ABORDAGEM PESSOAL

A pesquisa telefônica, utilizada neste estudo, representa o total da população adulta do país.

As entrevistas são realizadas por profissionais treinados para as abordagens telefônicas e as ligações feitas para aparelhos celulares, utilizados por cerca de 90% da população.

O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos, por exemplo.

Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com alguma cautela por limitar o uso desses instrumentos.

Na pesquisa divulgada hoje, feita dessa forma para evitar o contato pessoal entre pesquisadores e respondentes, o Datafolha adotou as recomendações técnicas necessárias para que os resultados se aproximem ao máximo do universo que se pretende representar.

Todos os profissionais do Datafolha trabalharam em casa, incluídos os entrevistadores, que aplicaram os questionários através de central telefônica remota.

Foram entrevistados 2.016 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país.

A margem de erro é de dois pontos percentuais.

A coleta de dados aconteceu nos dias 23 e 24 de junho de 2020.

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