Em três meses país supera total de mortes por Covid-19 de todo o ano de 2020

Em três meses país supera total de mortes por Covid-19 de todo o ano de 2020

APENAS NO MÊS DE MARÇO FORAM REGISTRADOS 47 ÓBITOS

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio de seu Departamento de Saúde, atualizou o relatório sobre jornalistas vítimas de Covid-19 no Brasil. Os dados coletados referem-se ao primeiro trimestre de 2021 e demonstram que o avanço da pandemia em todo o país atingiu com muita força os profissionais de jornalismo. Como foi alertado na publicação do primeiro Relatório, em janeiro, pela dificuldade do levantamento de dados, as informações podem ainda estar subnotificadas. No caso do Relatório de janeiro, após sua publicação foram descobertos seis novos casos ocorridos em 2020, o que elevou o total de mortes de jornalistas para 78 entre abril e dezembro.

Esses números continuam a ser constantemente checados e atualizados pelo Departamento de Saúde. No primeiro trimestre deste ano, a realidade da disseminação da doença se mostrou ainda mais perversa. Em apenas três meses foram registrados 86 casos fatais, superando em 8,9% o total de 2020. Pela média, o ano de 2020 registrou 8,5 mortes por mês; em 2021, no primeiro trimestre, atingiu-se a marca de 28,6 mortes, praticamente uma por dia. No início de abril, mais cinco mortes ocorreram antes da Páscoa, elevando o total de vítimas da Covid-19 e da necropolítica do governo federal para 169 casos, tornando o Brasil o país com maior número de jornalistas mortos por Covid-19 no mundo, superando o Peru, que registra pouco menos de 140 mortes segundo levantamento do Press Emblem Campaign.

Número de mortes dispara no mês de março

TENDÊNCIA DE ALTA JÁ HAVIA SIDO DETECTADA EM JANEIRO

O primeiro caso de morte no Covid-19 entre jornalistas no Brasil foi registrado em abril de 2020, mês em que sete profissionais perderam a vida, número que se manteve relativamente constante até outubro. Novembro e dezembro apresentaram elevação na curva de vítimas fatais, tendência que se confirmou em janeiro. O primeiro mês de 2021 chegou à marca de 26 mortes, um terço do número total verificado no ano anterior. O Relatório de janeiro apontou essa tendência, tragicamente confirmada pelos números consolidados do primeiro trimestre do ano. Em fevereiro ocorreram 13 mortes e em março 47, até aqui o pior mês da pandemia na categoria jornalística, Assim, passou-se de uma média de 8,5 mortes/mês em 2020 para 28,6 mortes em 2021, um aumento de 264% no número médio de vítimas. Na média anual, de abril 2020 a março 2021 são 13,6 mortes por mês, praticamente uma a cada dois dias.

Mortes por Covid-19 na categoria jornalística por Estado

SP, AM E PA LIDERAM EM NÚMEROS ABSOLUTOS

Com 19 mortes registradas em cada um dos três estados, São Paulo, Pará e Amazonas lideram em números absolutos o macabro ranking das vítimas de Covid-19 entre jornalistas. Desse número, oito mortes no Pará aconteceram apenas o mês de março. Rio de Janeiro (15 óbitos) e Paraná (13) vêm a seguir. Chama a atenção, ainda, estados com menor densidade populacional como Paraíba (3,9 milhões de habitantes) e Mato Grosso (3,2 milhões de habitantes), que apresentaram sete mortes cada, e Rondônia, com seis mortes em uma população de 1,8 milhão de habitantes. Apenas o estado do Acre não apresenta nenhum caso fatal entre jornalistas, mas é plausível conjecturar que haja subnotifcação. O Rio Grande do Norte, com dois casos, não apresenta nenhuma fatalidade desde julho 2020, mas também nesse caso não se pode afirmar que é uma informação definitiva. O Departamento de Saúde continua apurando e atualizando os dados.

Mortes por Covid-19 na categoria jornalística por idade e gênero

MÉDIA DE IDADE DAS MULHERES É 18 ANOS A MENOS

Assim como apontado no relatório de janeiro, a maioria dos casos se situa na faixa entre 51 e 70 anos (54,9% das mortes) e atingem, principalmente homens. Em 12 casos não foi possível, ainda, identificar a idade das vitimas As mulheres somaram 9,8% dos óbitos (16 casos). A média de idade das jornalistas mortas por covid-19 é bem abaixo do que a dos homens. Enquanto a média geral de idade é de 61 anos, a das mulheres está em 43 anos e quatro das vítimas tinham menos de 34 anos. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019 aponta que as mulheres ocupam 36% dos postos de trabalho na categoria.



As vítimas

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