Livro de pesquisadores da UNIR aborda saga do povo [Yjxa]Karitianaem Rondônia

Livro de pesquisadores da UNIR aborda saga do povo [Yjxa]Karitianaem Rondônia

O livro A saga do povo [Yjxa]Karitiana: diacronia, resistência, re-existência, resiliência e o sonho além dos sonhosretrata a saga do povo [Yjxa]Karitianana Amazônia rondoniense ao longo de tres séculos.Lançado recentemente pelos autores Valdir Vegini,professor do Departamento de Línguas Vernáculas (DLV), da UNIR, Rebecca LouizeVegini e Jessica de Oliveira Karitiana, o livro está disponível gratuitamente neste link.



Privilegiando a tradição oral, a obra registra a história desse povo originárioa partir de suas próprias vozes, começando pela forma que eles gostam de serchamados: Yjxa significa “nós” ou “gente”, portanto, gente Karitiana.

Jessica de Oliveira Karitiana, nativa legítima do povo [Yjxa]Karitianae coautora do livro, é aluna do 7º período de Arqueologia da UNIR efoi a informante que relatou aos pesquisadores as narrativas ancestrais de seu povo, formado atualmente por cerca de 400 indivíduos. A acadêmica integrou também o Grupo e Projeto de Pesquisa Narrativas do Linguajar Rondoniense (NLR), coordenado pelo professor Valdir Vegini, de onde surgiram os estudos que deram origem ao livro.

“Fui convidada a fazer parte desse projeto que findou no livroe que hoje levo com muito orgulho, me incentiva a ser autora da minha própria história”, diz Jéssica, afirmando também que a importância da obra está “em documentar a história do passado e do presente do povo Karitiana, para não ficarmos invisíveis aos órgãos públicos e à sociedade. E mostrar que temos direitos e sonhos, somos um povo que deseja alcançar o bem viver e que, embora sem recursos e apoio, temos resistindo ao longo dos anos”.

Sobre a participação de Jessica, ValgirVegini afirma, no livro, que o desejo para um futuro próximo é que “os próprios indígenas expressem suas versões acerca do impacto cultural que a presença do homem branco lhes vêm acarretando desde os primeiros contatos e cujas consequências têm ecos de vários matizes, a maioria deles negativos, até os dias de hoje. Demos o primeiro passo ao incluirmos Jessica de Oliveira Karitiana, nativa legítima, autóctone e casada com um indígena também da sua etnia, como coautora”.

A delimitação de tempo do livro parte do primeiro contato relatado de não-indígenas (homem branco) com os [Yjxa]Karitiana no início do século XVIII, em Rondônia, até meados de 2018.O registro inicia com o discurso histórico documentado (oficial), focalizado na sociedade [Yjxa]Karitiana, até chegar às narrativas desse povo, que serão tomados como autores de sua própria história. Todo esse percurso de pesquisa e escrita é distribuído em 446 páginas edividido em sete capítulos, sendo o sexto o que inscreve as narrativas tradicionais da ancestralidade do povo [Yjxa]Karitiana.

Para elaboração da obra, os autores utilizaram diversas metodologias. O resultado foi o quinteto investigativo que inclui: a diacronia,história interna e externa do povo [Yjxa]Karitiana; a resistência, persistência em não aceitar a presença do “homem branco” em seu entorno e rejeição ainda maior ao trabalho forçado imposto por eles (seringueiros, sobretudo); a re-existência, que evitou, por volta dos anos 20/30 do século passado, a completa extinção dos [Yjxa]Karitiana,a partir de uniões poligâmicas do cacique Moraes, e, posteriormente, de novas uniões de seu filhos e filhascom outro agrupamento indígena; a resiliência, capacidade desse povo de se recobrar e se adaptar às mudanças; e o sonho além dos sonhos “já que, por serem resilientes, não se conformam com o abandono imposto pelas autoridades a quem estão vinculados e desejam ardentemente reverter o quadro atual e se tornarem, em um futuro próximo, uma comunidade rural industrial”, conforme explica Valdir Vegini.

Para concluir, o pesquisador afirma que a única pretensão ou sonho dos autores é que esse compêndio seja um memorial dos [Yjxa]Karitianapara o futuro e adianta que o próximo livro, tendo os [Ahé]Karipuna como tema, já está sendo elaborado.

Fonte: UNIR

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