NOS MEUS 40 E POUCOS

NOS MEUS 40 E POUCOS

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Tá bom vai, sei que muitos estão surpresos com minha idade, nem tanto pela carcaça, mas pelas traquinagens que só quem me conhece, viu.
Sempre digo que a cada ano minha bunda fica mais mole e a cabeça mais dura, então meu espírito não envelheceu.

Quando mostrei com teimosia com que personalidade pretendia encarar a garganta do mundo, ouvia em todo canto: “ô… menina da cabeça dura!”
Então, hoje é aniversário daquela menina, não da armação que sustenta o corpo dela.

Depois dos 40 parei de contar a idade e não por frescura, mas desimportância mesmo. Penso nisso quando chegar “en la mitad de esta carretera”, como cantava Mercedes, para contar as encruzilhadas que deixei pra trás.

Me orgulho de não ter feito mal a ninguém, ter me juntado a todos e a todas e de ter energia pra me doar pelo que muitos não compreendem.

Depois dos 40 só tenho um compromisso: preparar o salto.

“Não vejo nada que não tenha desabado
Nem mesmo entendo como estou de pé
Olhando um outro num espelho pendurado
Me reconheço, mas não sei quem é

Não ouço passos de ninguém entre os escombros
Nem mesmo insetos revirando o pó
Um vento seco me arrepia, encolho os ombros
Mas na verdade estou queimando só.”

É uma música do genial Siba, um cantor pernambucano que gosto muito, mas não tanto quanto Alceu.

Com as letras de Alceu escreveria o livro da minha vida, dessa Menina Tropicana que vive em ritmo Agalopado, com Arreio de Prata, um Coração Bobo, um Anjo de Fogo encostado, em eterna Anunciação do Frevo da Lula, de Janeiro a Janeiro, Embolada no Tempo, na Ciranda da Rosa Vermelha.

São 40 e poucos anos de folia e o mesmo tanto de agonia.
Esse ano foi pesado feito mudança de ferreiro, mas sobrevivi com Sol e Chuva sem perder a vontade de rir e agradecer pelas coisas boas.
“Tenho dezembro, tenho janeiro e se não me engano, tenho fevereiro.”

Até nascerem minhas plumas, é certo que ainda vou me arranhar muito.
E tem coisas que simplesmente não aprendi e não faço questão de aprender, como fingir perdão, tolerar gente metida a besta e frescuragem os pensamentos sinceros.

O que sou, sou.

Quem não gostar, que saia sem fechar o portão do meu coração, que avisa o entra e sai por conta do ferrolho velho todo enferrujado e folgado.

Pense num lugar fácil de entrar!

Mas, não tem carimbo.

Saiu? Pense num ligar difícil de entrar!

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